A final é o momento mais esperado por quem trabalha com futebol. É o dia em que percursos brilhantes, sinuosos, sofridos, seguros ou regulares se unem para um espetáculo único, no qual nada do que aconteceu antes parece contar, tamanha a importância do momento. E, cinco anos depois, Jorge Jesus volta a viver esse momento, em que busca um final diferente dos que teve anteriormente.
O confronto diante do River Plate, que acontece amanhã (23), em Lima, é a oportunidade para o treinador superar o estigma que o acompanha desde os tempos de Benfica: duas derrotas consecutivas em finais de Liga Europa.
O fato de chegar em duas finais europeias consecutivas merece destaque, mas o fardo das derrotas é algo que o mister quer afastar. E a redenção chegaria para ambos, afinal o Flamengo voltaria a conquistar a competição mais importante da América do Sul depois de 38 anos, enquanto JJ pode ter no currículo seu primeiro grande título continental.
É preciso voltar no tempo para entender as frustrações em finais vividas por Jorge Jeus. Apesar do grande repertório de títulos nacionais, o técnico ainda não conseguiu quebrar as fronteiras e se provar à nível continental. A primeira das derrotas aconteceu na temporada 2012/2013.
Depois de superar pelo caminho adversários como Bayer Leverkusen, Newcastle e Fenerbahçe, o Benfica comandado pelo mister foi até Amsterdam para a final em jogo único contra o poderoso Chelsea, de Petr Cech, Lampard, Fernando Torres e companhia.
Os ingleses abriram o placar, mas poucos minutos depois o Benfica chegou ao empate, com um gol do paraguaio Óscar Cardozo. A partida caminhava para a prorrogação, quando nos acréscimos do segundo tempo Juan Mata cobrou escanteio e encontrou Ivanovic livre na área. O sérvio cabeceou e o goleiro brasileiro Artur Moraes assistiu estático a bola morrer no fundo da rede. Chelsea campeão.
A derrota na Holanda doeu, mas a torcida não teve que esperar muito para voltar presenciar um jogo tão importante como uma final europeia. O caminho até a final da Liga Europa da temporada 2013/2014 foi ainda mais épico do que o anterior, com um grande triunfo em White Hart Lane contra o Tottenham nas oitavas de final e uma vitória sobre a poderosa Juventus de Conte. Pogba, Pirlo, Vidal e Tévez foram ultrapassados, mas o Sevilla de Unai Emery levou o jogo para as penalidades, em que brilhou a estrela do goleiro adversário.
Nesse caminho até à segunda final europeia, uma frase ficou na memória dos torcedores e jornalistas portugueses. Jorge Jesus, disse,contrário do famoso ditado no futebol que: "Finais são para ganhar? Mentira! As finais são para disputar entre duas equipes...".
Agora, em 2019, o discurso do técnico mudou. Confirmada a presença e o momento histórico para o Flamengo, depois da goleada aplicada ao Grémio, o técnico português não deixou de lembrar as anteriores finais, comentando de forma diferente a importância e a forma como esse tipo de jogos devem ser encarados.
"Primeiro quero agradecer aos jogadores por este feito, por este sonho que a torcida do Flamengo há muitos anos andava à procura, e hoje mostrou aqui o porquê. São únicos, diferentes, apaixonados. Hoje foi um ambiente bonito, único, penso eu, no mundo. Todo estamos de parabéns. Chegar à final é importante, mas o mais importante é ganhar", afirmou o comandante do Mengão, no meio da euforia.
Uma atitude e um estado de espírito diferente antes de uma ocasião especial. Uma simples mudança de discurso ou um olhar novo que poderá marcar a virada de JJ nas finais mais importantes? A resposta sai neste sábado...
1-2 | ||
Santos Borré 14' | Gabriel Barbosa 89' 90' |