Sim, ainda é cedo para análises definitivas. Afinal, nosso calendário antecipa muitos processos. Mas, depois de três rodadas do Campeonato Paulista (sem contar os amistosos), já dá para notarmos alguns padrões no Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo. Tanto em termos de comportamento em campo, quanto no que tange as decisões da comissão técnica.
A principal decisão, talvez, é dar espaço para os meninos da base. Nos últimos projetos do clube, a base, apesar de conquistar títulos e ceder nomes para seleções, era pouco representada na equipe principal. Vamos pegar como parâmetro os três últimos jogos do último Campeonato Brasileiro e os três primeiros deste ano.
Contra Flamengo, Goiás e Cruzeiro, Mano Menezes, e depois Andrey Lopes, só usaram um jogador da base, Gabriel Verón, que teve 56 minutos em campo. Em 2020 com Luxemburgo, Verón já somou, no mesmo número de jogos, 198 minutos, sendo titular em duas partidas.
Além de Verón, Gabriel Menino, de 19 anos, Patrick de Paula, de 20, e Wesley Ribeiro, também de 20, receberam oportunidades de jogar. Para se ter uma visão mais ampla: ao longo de todo o Brasileirão do ano passado, Verón foi o único da base a jogar. Se contarmos também o Paulista passado, Lucas Esteves, Vitão e Léo Passos também chegaram a jogar, mas, somando os três e Verón, são 180 minutos para os meninos da base em 2019 todo, contra 412 em três jogos em 2020.
Se seguirmos na linha de uma análise quantitativa, podemos cravar que Ramires é outra grande diferença. O volante, que chegou com problemas físicos em 2019, teve toda a pré-temporada para se preparar e começou 2020 em forma.
Ramires foi titular em todos os jogos do Palmeiras com Luxa no ano, somando 220 minutos em campo. No ano passado, foram apenas seis partidas e menos minutos: 160. Com o meia em forma, Luxemburgo ganha um bom nome para o meio e pode ter mais tranquilidade para recuar Felipe Melo para a zaga.
Essa transição ofensiva, inclusive, é outro destaque do time. Felipe Melo vem respondendo bem como zagueiro e, apesar de ter uma saída de jogo qualificada com os volantes Ramires e Zé Rafael, mostrou também a importância de uma bola longa de qualidade.
E nessa chegada ao ataque, se a opção for bola no chão, a criatividade dos meias é uma boa alternativa. Se Verón e/ou Menino dão velocidade, Scarpa e Lucas Lima acham os espaços com passes. Lucas Lima, inclusive, é uma aposta pessoal de Luxemburgo. O meia foi titular nos três jogos do Paulista, marcou um gol e deu uma assistência.
Entre as apostas de Luxemburgo, Willian aparece com protagonismo. O atacante, que perdeu boa parte da temporada passada por lesão, jogou os três jogos do Paulista e marcou quatro gols, sendo o artilheiro isolado da competição.
Sabemos que ainda é "cedo", mas no "cedo" da temporada passada, o Palmeiras tinha quatro gols, contra oito da atual. O trabalho de Luxemburgo está só no começo, mas, sem entrar no mérito se começa melhor ou pior, a certeza é que começou, no mínimo, diferente.