Faltavam dois minutos para acabar o jogo. Villarreal e Sevilla empatavam no estádio de La Cerámica. Bruno Soriano ouviu um chamado de Javier Calleja. Era a hora. Mais de três anos depois, precisos 1128 dias, o meia pôde, enfim, voltar a jogar futebol.
Foram dois minutos, mas não só. Foi um filme que passou pela cabeça. Um filme que quase terminou com um fim triste, uma carreira paralisada por uma grave lesão no joelho. Mas no Villarreal, normalmente os filmes têm finais felizes.
Foi assim com Santi Cazorla, que se machucou no Arsenal, em 2016, e voltou a jogar em 2018, quase dois anos depois, no mesmo La Cerámica, chamado pelo mesmo Javier Calleja. Na realidade, Cazorla chegou a se apresentar como um "quebra-cabeças" de tantas operações, todas fruto de complicações posteriores de uma pequena lesão no tornozelo em 2013, que evoluiu a ponto de levar o jogador a quase perder a perna.
O Submarino Amarelo abriu as portas para o experiente meia se recuperar. Acreditou nele quando poucos acreditavam. E hoje, Cazorla é um dos jogadores mais influentes do time, com 12 gols em 33 partidas na temporada, além de oito assistências. O meia, inclusive, já voltou a vestir a camisa da seleção espanhola, em um verdadeiro milagre futebolístico.
A mesma oportunidade foi dada a Soriano, outro jogador já experiente, com uma lesão séria, que estava desacreditado. Mas em La Cerámica, verdadeiros milagres do futebol são possíveis.
Aos 36 anos, o meia voltou a jogar ontem, pelo único clube que defendeu na carreira. Quando acabou a partida, Soriano não conteve as lágrimas.
"Tive pesadelos, passei por fases muito ruins, mas nunca me entreguei. Não sei nem o que falar. Há tanto tempo que não jogava que quase não consigo falar. Estou muito feliz por tudo. Tentei voltar outras vezes, mas não consegui. Agora é uma alegria muito grande para o clube, para a torcida e para minha família. Foram momentos muito duros e cheguei a pensar que o melhor era não continuar por causa das decepções. Mas agora vou tentar ajudar a equipe até o fim", disse, entre lágrimas.