Parece mesmo um pesadelo, daqueles que você deita a cabeça no travesseiro, sofre, e tem a impressão que já passou por isso alguma outra vez. O Hamburgo, assim como há uma temporada, tinha tudo nas mãos para garantir o acesso para a Bundesliga, ou, pelo menos, a possibilidade de manter esse sonho vivo. Mas tudo se repetiu. Sic Mundus.
Seria digno do roteirista da série alemã Dark escrever um espiral como o que o Hamburgo enfrenta. Na última rodada da 2. Bundesliga, a segunda divisão da Alemanha, o clube entrou em campo contra o modesto SV Sandhausen já não dependendo apenas de si para conseguir uma vaga no playoff de acesso para a elite, uma vez que o terceiro colocado Heidenheim 1846 precisava, no mínimo, empatar. O rival sucumbiu, perdeu por 3 a 0. E o Hamburgo não foi capaz de fazer o dever de casa, acabou goleado por 5 a 1, assim a temporada 2020/21 será novamente fora da Bundesliga.
O mais curioso e cruel em meio a isso tudo é a campanha que o clube teve ao longo da segunda divisão deste ano, assim como na temporada passada. Na que se encerrou no final de semana, o Hamburgo esteve entre três primeiros colocados da segunda à 32ª rodada. Só foi sair do grupo de acesso para a elite na penúltima, depois de uma sequência de resultados negativos.
A temporada 2018/19 teve praticamente os mesmos contornos e idêntico final: o quarto lugar a um ponto da vaga no playoff. O Hamburgo, naquela oportunidade, havia feito uma campanha ainda melhor, líder em 12 rodadas, segundo colocado até a 30ª, mas oito jogos consecutivos sem vencer também acabaram com a possibilidade de acesso.
E todo esse retrospecto negativo contrasta justamente com a história do Hamburgo. Os Rothosen se gabavam até dezembro de 2018 de serem os únicos a nunca terem sido rebaixados da Bundesliga. O clube ostentava o icônico relógio em que mostrava ao mundo os dias, as horas e os minutos do clube na elite da Alemanha. O relógio, por fim, acabou desligado, desativado.
Quis o destino evitar um dos maiores clássicos da Alemanha no playoff de acesso. É que, caso o Hamburgo tivesse terminado na terceira colocação, o clube enfrentaria o Werder Bremen para saber quem fica na Bundesliga.
Se a torcida do Hamburgo pode reclamar dos roteiristas, o mesmo a torcida do Werder não pode fazer, pelo menos até agora. O clube estava virtualmente rebaixado da primeira divisão, fato que não acontecia desde 1980, na única queda de sua história. O Werder entrou na última rodada da Bundesliga precisando dos três pontos, enquanto bastava ao Fortuna Düsseldorf um empate para garantir a vaga na repescagem.
O Düsseldorf perdeu por 3 a 0 e o Werder goleou, por 6 a 1, o Colônia. A torcida do clube provavelmente assistia ansiosa o jogo do Hamburgo para saber se o Clássico do Norte seria o responsável por decidir o futuro dos clubes. Não será. A repescagem é mesmo contra o Heidenheim 1846, com o primeiro jogo marcado já para quarta-feira, dia 2.