Nem no pior dos pesadelos e nem no melhor dos sonhos, é provável que esses pensamentos passaram pela cabeça do torcedor do Lyon, em algum momento, ao longo desta temporada. O clube iniciou 2019/20 com um projeto arrojado, comandado pelos ídolos brasileiros Sylvinho, como técnico, e Juninho Pernambucano, diretor de futebol. No início, não deu muito certo, mas um ajuste aqui e outro acolá colocaram o clube numa posição inimaginável nesta quarta-feira (19).
O clube francês decide uma vaga na final da Liga dos Campeões contra o poderoso Bayern, e isso todos já sabem. Depois do passeio dos alemães sobre o Barcelona, é possível também que muitos já esperem algo similar com o Lyon. Mesmo se for esse o caso, para o azarão, a temporada termina no lucro.
O Lyon passou por uma reformulação após a temporada passada, que não havia sido ruim, mas ainda distante de competir com o Paris Saint-Germain. O clube terminou o Campeonato Francês de 2018/19 na terceira posição, lugar que mais repetiu desde o fim do octacampeonato, em sete das últimas 11 participações na Ligue 1.
Na reformulação, o clube perdeu peças importantes. Saíram Nabil Fekir, principal jogador nos últimos anos, Ndombélé e Ferland Mendy, que também eram titulares absolutos. O treinador, Bruno Genésio, que estava a frente do Lyon há quatro temporadas, foi outro a sair. Nesse contexto, surgiu o novo projeto capitaneado por Sylvinho e Juninho.
Em reconstrução e com uma série de novos contratações, como os brasileiros Bruno Guimarães, Thiago Mendes e Jean Lucas, o time não teve vida fácil. A pré-temporada não trouxe bons resultados, mas o Lyon estrou no Francês com duas vitórias, com direito a um 6 a 0 que parecia promissor. Ledo engano, aí começava o pesadelo. Logo depois da goleada, o clube passou sete jogos seguidos sem vencer (oito na Ligue 1), o suficiente para chegar próximo do fundo do poço e, na 10ª rodada, só não estava na zona de rebaixamento pela diferença no saldo de gols. Não deu para Sylvinho e o projeto parecia fadado ao fracasso.
É bem verdade, porém, que essa posição final também só se deu em decorrência da pandemia de Covid-19. A Ligue 1 foi encerrada na 28ª rodada, o que inclusive não agradou o Lyon, que teria ainda 10 jogos pela frente para garantir, pelo menos, uma vaga para a próxima Liga dos Campeões.
Com tantas mudanças, o clube, assim como os demais compatriotas, ficou sem calendário, enquanto rivais da Liga dos Campeões ganhavam forma em seus campeonatos nacionais. O Bayern, por exemplo, não chegou voando por acaso na Champions, já o estava fazendo desde o retorno da Bundesliga.
O Lyon se conteve com amistosos preparatórios. O clube teve um único jogo oficial antes do retorno da Liga dos Campeões, contra o PSG, que pode ser seu adversário na final caso consiga avançar na competição. A partida contra os parisienses foi na final da Copa da Liga e o time de Rudi Garcia se mostrou páreo duro, levou a decisão para os pênaltis, mas acabou derrotado.
Na Champions, derrotou a Juventus de Cristiano Ronaldo quando a maioria já dava os italianos como classificados. "O raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Caiu contra o Manchester City. Agora vem o Bayern, e nem no melhor dos sonhos o torcedor do Lyon se imaginava numa semifinal de Liga dos Campeões nesta temporada. O jogo de hoje pode até como acabar como um pesadelo, mas não será uma surpresa tão grande se contrariar a todos mais uma vez.