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Futebol Internacional
Com uma pitada espanhola

Independiente Del Valle investe no social e na cultura para atrair mais admiradores

2020/09/25 10:43
E2

Na primeira parte do especial sobre o Independiente Del Valle, oGol abordou as questões relativas ao processo formativo da equipe, que vem chamando a atenção da imprensa e de torcedores de outros clube do continente. São as promessas reveladas nas categorias de base um dos motivos para o sucesso do time de Sangolquí no futebol sul-americano. Fundado em 1958, o clube está na elite do futebol equatoriano desde 2010, após ter conquistado a Segunda Divisão no ano anterior. 

De lá para cá, o máximo que os Rayados conseguiram a nível doméstico foi o vice-campeonato em 2013. Entretanto, com um projeto bem estruturado e que contempla também a formação social e educacional dos atletas, o time vem subindo degraus no cenário nacional e continental. Se em termos de representatividade internacional, com um título de Sul-americana e um vice de Libertadores, o Del Valle pode rivalizar com os grandes do país, em termos de número de torcedores, esse embate ainda está longe. 

Agregando simpatizantes

De acordo com a pesquisa da Click Report, em 2018, o Barcelona de Guayaquil é o clube de maior torcida, com pouco mais de 30% dos equatorianos, seguido por LDU, com 14.5% e Emelec, com 13.6%. Já o time de Sangolquí aparece apenas na nona colocação, com aproximadamente 0.7% de fãs. Iván Vázquez, diretor das categorias de base do Independiente Del Valle, acredita que um dos segredos para o clube atrair mais torcedores está fora de campo, no papel social que impacta na vida das pessoas do país. 

"Somos uma equipe jovem e sentimos que estamos tendo mais admiração. Uma parte importante é o trabalho social do clube, não só no futebol formativo, mas toda vez que ocorre algo no país, a ajuda é muito forte. Nós colaboramos economicamente na campanha para arrecadar fundos para as pessoas afetadas pelo Covid-19 e também ajudamos as vítimas do terremoto em 2016. O Del Valle tem valores humanitários que são exemplos a seguir. Já tivemos menos torcedores do que temos hoje, mas o impacto social que o clube causa, faz com que tenhamos mais seguidores e admiradores", disse Vázquez. 

A simpatia dos equatorianos pelo Independiente Del Valle já é vista além dos estádios, de acordo com o diretor das categorias de base. O clube também acredita que no futuro, possa ampliar a sua base de fãs apoiada no sucesso esportivo dos últimos anos e nas projeções para médio e longo prazo. 

"Quando desfilamos de ônibus, comemorando os títulos da Sul-Americana (2019) e da Libertadores sub-20 (vencida este ano), pessoas pelas ruas estavam nos parabenizando com camisas de outros times. Essas crianças que estão nascendo agora, nesse período que o clube está tendo sucesso, a longo prazo, vão ser torcedores do Independiente Del Valle", projetou Vázquez. 

Futebol é cultura

O trabalho social começa de dentro para fora do clube, primeiro com os meninos das categorias de base. O Del Valle dá atenção à formação humana dos seus mais de 130 jovens atletas. A estrutura esportiva, além de campos e vestiários, conta com dormitórios e um colégio. Esse contato diário permite cuidados maiores com o desenvolvimento de cada indivíduo, mas também aumenta a responsabilidade institucional. 

©Getty / FRANKLIN JACOME
"Temos que ter claro que os meninos que moram no complexo esportivo, estão lá 24 horas por dia. Grande parte da educação deles, passa por nós. Os professores e psicólogos do clube tem um grande impacto nisso, passando valores para eles e orientando sobre respeito, prevenção de drogas, racismo ou qualquer outro aspecto da vida. São temas que gostamos de tratar com eles. Um exemplo: quando a pandemia começou e ainda não tínhamos informações muitas claras sobre tudo isso, tratamos de fazer palestras por categoria, para passar responsabilidade a eles e a gravidade do caso. Nós damos muito valores a esses temas de formação pessoal e que os levem para um bom caminho", detalhou o diretor das categorias de base. 

Iván Vázquez é espanhol e tem no currículo passagens por Compostela e Deportivo La Coruña. A Espanha, inclusive, forneceu muitos talentos ao clube. Hoje, entre elenco principal, de base e feminino, os Rayados contam com sete profissionais (incluindo Vázquez) trabalhando como técnicos, auxiliares e preparadores. Quando chegou ao Independiente Del Valle, há dois anos, o diretor das categorias de base se deparou com aspectos culturais muito distintos aos espanhóis. Ao longo do período, junto com comissão técnica e direção da equipe, ele tem procurado introduzir pontos que contribuem para a evolução da instituição e, consequentemente, dos atletas.

''No Equador, há pouco ''fair play'' e tentamos colocar essa cultura de respeitar o rival, o jogo e os árbitros. Quanto aos hábitos, não trazemos coisas porque são espanholas, mas porque julgamos que vão melhorar. Aqui não existia a cultura do vestiário. Cada um ia para o seu quarto ao final do treinos. Depois dos jogos, se trocavam e iam cada um para um lugar. Os jogadores não se trocavam e ficavam ali, tomavam banho e se arrumavam todos juntos. Tratamos de mudar isso porque esses momentos são muito importantes. É quando a equipe se fortalece'', revelou Vázquez. 

Assim como no Brasil, o Equador ainda possui regiões muito carentes, principalmente de necessidades básicas como educação, higiene e alimentação. Segundo o estudo do Instituto Nacional de Estatística e Censo, publicado em dezembro do ano passado, cerca de 38,1% da população vive na linha da pobreza. No mesmo período, em 2018, esta taxa era de 37.9%. 

Por outro lado, esses locais produzem bons valores no futebol e muitos deles hoje estão nas formativas do time Negriazul. Por isso, pode-se dizer que ao ingressarem na equipe e terem acesso a toda uma estrutura de alta qualidade, os meninos vivem uma nova realidade. Claro que o desempenho dentro de campo merece atenção, mas o Independiente Del Valle segue buscando entender os problemas que o cercam e acrescentar conteúdos que ampliem a percepção de mundo dos atletas. 

"Existem situações muito duras no Equador. Meninos de quatro, cinco anos, que presenciam momentos ruins de violência, pobreza ou fome. Às vezes percebemos que um jogador, quando a equipe não está ganhando ou uma falta não é marcada, se comporta de maneira agressiva ou impulsiva. Não podemos mandá-lo embora, mas entender porque isso aconteceu, como foi sua infância e trabalhar com os especialistas para reconduzir. Se podemos transmitir valores através do esporte, melhor, porque isso vai atraí-los, mas enviamos livros, analisamos textos, contamos uma fábula ou metáfora para que chegamos em uma mensagem'', detalhou Vázquez. 

O diretor ainda lembrou a imprevisibilidade do resultado da formação dos atletas. Isso, segundo claro, reforça ainda mais a necessidade de, não apenas o Independiente Del Valle, mas todos os clubes investirem na educação e formação social dos jovens jogadores.  

"A porcentagem dos atletas que vão poder viver do futebol é muito pequena. O futebol é efêmero e uma lesão pode acabar tudo. Por isso, é importante que estudem. Nós já temos exemplos de ex-jogadores que hoje atuam como técnicos nas nossas escolas", finalizou Vázquez. 

Comentários

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motivo:
Que bagunça
2020-09-25 14h45m por vala-riaaraa-jo
Dei uma olhada no campeonato do Equador e não entendi quase nada. Que desorganização.
Caramba
2020-09-25 14h42m por vala-riaaraa-jo
O projeto e impressionante, em alguns anos dominará o pais e estará no topo da América.
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