O Bragantino começou o Brasileirão de 2020 cercado de expectativa. Após 22 anos, o clube do interior de São Paulo voltava à elite do futebol brasileiro e ainda teria à disposição o aporte financeiro da gigante de bebidas energéticas Red Bull. Mas, após 14 rodadas, o clube soma apenas 12 pontos e amarga a penúltima colocação no certame.
A classificação na tabela é ruim, mas o momento do Bragantino é ainda pior. A derrota nesta quinta-feira (8), diante do Internacional, foi o quinto revés nos últimos dez jogos. Nesse período, o clube ainda somou quatro empates e venceu somente um duelo, contra o Ceará.
Até aqui, o sistema defensivo tem sido o calcanhar de Aquiles do RB Bragantino. Com 22 gols sofridos, o Braga tem a terceira pior defesa do Brasileirão, com média de 1,5 gol sofrido/jogo. O ataque vai melhor, apesar de também não impressionar, com 15 gols em 14 jogos. No entanto, apenas seis clubes têm desempenho inferior nesse quesito, e o Ceará soma os mesmos 15 tentos.
Nem mesmo a troca de treinador surtiu efeito. Felipe Conceição, demitido após derrota por 3 a 0 com o Fortaleza, teve retrospecto de uma vitória, dois empates, e três derrotas em seis partidas à frente do Braga no torneio nacional. O substituto, Mauricio Barbieri, tem praticamente o mesmo desempenho. Em sete partidas, o comandante também conseguiu apenas um triunfo, três empates e três derrotas.
O balde de água fria na campanha no Campeonato Brasileiro é ainda maior se considerarmos o ótimo início de ano. No Paulistão, o Bragantino fechou a primeira fase como líder do grupo D, com 23 pontos ganhos, e ainda venceu jogos grandes diante de São Paulo e Palmeiras.
No entanto, pelas quartas de final no retorno do futebol após a pandemia, o time de Bragança Paulista teve pela frente o Corinthians e acabou eliminado com uma derrota por 2 a 0. O Timão era do mesmo grupo D e somou 17 pontos na fase inicial do Paulista. Como prêmio de consolação, o Bragantino se sagrou campeão do Troféu do Interior.
O projeto já consolidado na Europa gerou a promessa de que o clube do interior de São Paulo poderia incomodar os grandes clubes no Brasil. Pelo menos no mercado de transferências, o Braga mostrou que o poderio financeiro era atrativo para, até mesmo, 'roubar' jogadores de times de tradição.
Para esta temporada, o Bragantino contratou cerca de 20 jogadores, com destaque para os acertos em definitivo com promessas como Alerrando e Cleiton, ambos ex-Atlético Mineiro, e Thonny Anderson, que pertencia ao Grêmio. O meia Lucas Evangelista, formado na base do São Paulo e que chegou por empréstimo, foi outra importante contratação do clube.
Além disso, o Red Bull Bragantino, seguindo a cartilha das filiais da Europa, ainda buscou a contratação de jovens jogadores que atuavam em outros países. Chegaram o zagueiro equatoriano Léo Realpe, antigo atleta do Independiente Del Valle, o meia argentino Tomás Cuello, ex-Atlético Tucumán, além dos atacantes Jan Hurtado e Cesar Haydar, que pertenciam respectivamente a Boca Juniors e Junior Barranquilla.
Com tamanho investimento, muitos apostavam em uma campanha sólida do Bragantino no retorno à primeira divisão do Brasileirão com, possivelmente, briga na parte de cima da tabela. Cabe ressaltar que muitas dessas contratações aconteceram com o campeonato em andamento, o que dificulta ainda mais o encaixe do elenco por parte do técnico Mauricio Barbieri.
Se por aqui o RB Bragantino tem imensa dificuldade no retorno ao Brasileirão, a história do RB Leipzig foi bem diferente na disputa da Bundesliga, na Alemanha.
Depois de garantir o acesso para a primeira divisão com o segundo lugar em 2015/16, poucos esperavam uma campanha tão impressionante da equipe das latinhas de energético. Contudo, desde o início da disputa, ficou claro que o lugar do Leipzig era na parte de cima da tabela.
Com as mesmas 14 rodadas que o Bragantino disputou até aqui, a filial alemã era simplesmente vice-líder do Campeonato Alemão e só não liderava a disputa pois perdia para o Bayern de Munique no saldo de gols.
No fim, o RB Leipzig não teve fôlego para acompanhar o gigante da Baviera, mas, ainda assim, fechou sua primeira participação na Bundesliga com um impressionante segundo lugar, logo à frente do Borussia Dortmund. Os destaques do clube foram Timo Werner, agora no Chelsea, o quarto colocado na artilharia da Bundesliga com 20 gols, e o meia sueco Emil Forsberg, líder em assistências com 19 passes para gol.
Ao que tudo indica, a primeira campanha do Red Bull Bragantino no mais alto nível não deve ter nem de perto o mesmo encanto do RB Leipzig. Com troca de treinador, diversas contratações, e um campeonato muito parelho, fica mais difícil corrigir a rota e ganhar asas.