Um dos gigantes históricos do futebol mundial parece despertar de uma inércia que já dura uma década. O Milan pós-pandemia até lembra o bom e velho clube tão vitorioso na Itália e na Europa. Parafraseando a era dos "Invencíveis" de Fabio Capello, o clube empilha vitórias desde o segundo semestre de 2020. A última aconteceu nesta quinta-feira (22), diante do Celtic, pela Liga Europa.
Com 16 vitórias e cinco empates desde que o futebol voltou, o técnico Stefani Pioli está mais forte do que nunca no cargo, mas essa história não era assim há bem pouco tempo. No já distante dia oito de março, o Milan foi derrotado pelo Genoa, no Campeonato Italiano, e somou o décimo revés na temporada 2019/20. Até então, Pioli fazia trabalho apenas mediano: nove triunfos, seis empates, seis derrotas, e ameaça de demissão.
Mas a pausa do futebol (e do mundo) por conta da pandemia do coronavírus fez bem aos comandados de Stefano Pioli. A disputa na Itália seria retomada no mês de junho com a disputa da Copa da Itália. O empate com a Juventus por 0 a 0, com um atleta a menos desde o primeiro tempo, ficou de bom tamanho. Após essa igualdade, a história começou a virar. Nas doze rodadas finais do italiano, o Milan somou nove vitórias e três empates para garantir o sexto lugar e uma vaga na edição 2020/21 da Liga Europa.
O mais curioso é que Pioli, por um breve momento, esteve fora dos planos do Milan. Ralf Rangnick, até então chefe de Desenvolvimento e Esportes da Red Bull, ficou perto de um acordo com os rossoneros. No entanto, os bons resultados de Stefano Pioli acabaram por lhe garantir a permanência no cargo.
A decisão da diretoria milanista se mostrou acertada com o desempenho mostrado pelo clube agora na temporada 2020/21. São oito partidas oficiais disputadas com sete triunfos e um empate, em aproveitamento de 88%. O Milan marcou 19 gols, média de 2,38 por jogo, e sofreu apenas seis, média de 0,75.
Depois de quatro rodadas, o clube é o líder do Campeonato Italiano, com aproveitamento de 100% dos pontos, com nove tentos a favor e apenas um contra. Apesar de alguma demora nas negociações para a renovação, Ibrahimovic acabou por seguir no Milan e o sueco tem sido o principal destaque até aqui. O goleador de 39 anos é o artilheiro da Série A com quatro gols em dois jogos, mas o Milan é muito mais do que Ibracadabra.
Além da experiência, o clube de Milão segue sua aposta em jovens jogadores. Entre muitos erros e alguns acertos na última década, o Milan tem visto a ascensão de atletas como o português Rafael Leão, formado no Sporting e com passagem pelo Lille, e também de Brahin Díaz, que deixou o Real Madrid para jogar com regularidade no futebol italiano.
Enquanto Leão tem dois gols no Campeonato Italiano, Díaz soma um gol no nacional e outro na Liga Europa, com ambos sendo opções ofensivas muito interessantes para Pioli. De quebra a recente contratação Jens Hauge, apelidado de o 'novo Haaland', que marcou no duelo contra ao Celtic o primeiro gol com a camisa do Milan.
Poucos apostariam em um Milan forte e na briga pelas posições de cima na Itália. O momento é favorável, o trabalho é promissor, mas é preciso cautela. Finalmente o clube rossonero parece acreditar no trabalho de um treinador, mesmo que este tenha sido 'salvo' por uma feliz sequência de resultados positivos. O campeão ainda não voltou, mas o caminho está sendo pavimentado.