Não é de hoje que é bem discutível o papel de Paulo Dybala seja lá em que time for: na seleção argentina ou na Juventus. Marcado por golaços ao longo da carreira que não deixam dúvidas sobre sua qualidade técnica, o argentino teve dificuldade para encontrar espaço nos desenhos táticos de suas equipes. Dybala não é um ponta, nem um atacante centralizado. Na Argentina não pode jogar com liberdade atrás do centroavante (há Messi para isso), na Juve não existe essa função em um futebol que privilegia a força dos alas e dos pontas. Na nova temporada, com Andrea Pirlo e seu 3-4-3, o argentino parece perder cada vez mais espaço no futebol italiano.
Com Pirlo, Dybala fez apenas dois jogos: entrou no segundo tempo contra o Dínamo de Kiev, pela Liga dos Campeões, e foi titular contra o Hellas Verona. Em dois jogos ficou no banco, mas não entrou. São 124 minutos em campo. No último fim de semana, fez de tudo para mostrar serviço: finalizou nove vezes e flutuou em todas as zonas de ataque. Só que apenas um arremate foi para o gol, já nos acréscimos. Foi neste lance que conseguiu seu único passe importante no jogo, que terminou em cabeçada de Morata defendida por Silvestri.
Dejan Kulusevski, que jogou a última meia hora dessa partida, finalizou apenas duas vezes, mas o suficiente para marcar o gol do empate em Turim. O jovem atacante sueco, de 20 anos, está na frente de Dybala nas preferências de Pirlo.
Veloz, habilidoso e com poder de finalização, Kulusevski atua nas duas pontas: a direita e a esquerda. Marcou seus dois gols na temporada em belos arremates colocados com sua perna canhota. Jogou cinco partidas e somou 321 minutos em campo.
Apesar de não ter tido uma estreia promissora, sendo expulso contra o Crotone, Federico Chiesa também promete estar na frente de Dybala por essa disputa por um lugar no ataque. Contra o Dínamo de Kiev, fez belas jogadas pelo flanco, arriscando muitos dribles para ser a principal arma bianconera contra a forte defesa ucraniana.
Chiesa tem menos tempo de Juventus, já que começou a temporada na Fiorentina, mas ainda assim apareceu mais em campo que Dybala (150 minutos). Se não fosse a expulsão contra o Crotone, poderiam ter sido mais... Mas a boa exibição contra o Dínamo promete não prejudicá-lo na disputa pela titularidade. Chiesa é também um ponta veloz, com uma grande capacidade de desequilíbrio no 1 contra 1, e se dispõe, ainda, a jogar como um ala.
No 3-4-3 de Pirlo, os pontas terão total prioridade na linha de frente. Sem contar Cristiano Ronaldo, que pode seguir flutuando entre a ponta esquerda e a referência no ataque. Dybala terá de fazer muitos golaços para provar sua importância no time.