Um velho Mourinho, um novo Kane e um Tottenham que sonha na Premier League

Sábado tivemos o já tradicional encontro entre Pep Guardiola e José Mourinho, dois dos técnicos mais vitoriosos dos últimos anos e representantes de filosofias antagônicas. No 24° encontro entre ambos, a sétima vitória do português, que se aproxima dos dez triunfos do catalão e mais: faz o Tottenham sonhar alto na Inglaterra. 

Os Spurs dormiram na liderança do Campeonato Inglês com o resultado e, com a melhor defesa e o segundo melhor ataque da competição, se colocam entre os postulantes pelo troféu. 

O duelo entre Mourinho e Pep de ontem apresentou o melhor do português e o pior do catalão. A defesa sólida e o ataque eficiente contra a posse de bola improdutiva. 

Compactação defensiva

Para superar Pep, Mourinho foi o velho Mourinho, usando um pouco do que fez a Inter eliminar o Barcelona anos atrás, mas também sabendo se adaptar a um presente com novos desafios. 

No duelo da capital, Mourinho deixou os corredores laterais para os pontas do City, mas fechou todas as opções de passe com uma compactação disciplinada. Os Citizens arriscaram alguns cruzamentos, que geraram algum perigo, mas esse não é o ponto forte do time de Guardiola... 

Sem muitas opções, Mahrez errou mais que o costume e Ferrán Torres foi pouco aproveitado. De Bruyne e Bernardo Silva foram completamente dominados pelos defensores, fora alguns bons momentos do belga no início do segundo tempo. 

A disciplina tática nos momentos defensivos fez o City abusar dos chutes em posições pouco atrativas. Dos 22 arremates do time, apenas cinco foram no alvo. Guardiola viu sua equipe tocar a bola no tiki taka que ele odeia. 

O efeito Kane

Com as coisas controladas na defesa, Mourinho precisava de uma estratégia ofensiva eficiente. E achou, precisando de apenas cinco chutes em toda a partida para levar os três pontos nos dois arremates que foram no alvo. 

O grande segredo do ataque londrino não foi novidade, mas se mostrou ainda mais aprimorado. A movimentação entre Harry Kane e Son deixou confusa a dupla de zaga citizen. 

Kane, que se notabilizou por ser um dos grandes artilheiros ingleses dos últimos anos, jogou do jeito que o número de sua camisa indica: como um típico camisa 10. 

Mesmo nas jogadas de saída de bola, Kane recuava para receber o jogo e ajudar na armação. Os recuos de Kane deixavam perdidos Rúben Dias e Aymeric Laporte, que se adiantavam e deixavam o corredor aberto. Para Son aparecer... 

O único gol da partida saiu justamente assim: Son recebeu de Ndombele com campo aberto para abrir o placar. Em outra jogada do tipo, os Spurs ainda tiveram um gol anulado. 

No lance do segundo gol, Kane, como um típico camisa 10, arrancou de antes do meio-campo e abriu bola com Lo Celso, que avançou em velocidade para tirar de Ederson e matar o jogo. 

Não foram precisos muitos arremates para Mourinho superar Guardiola. Como nos velhos tempos. Considerado por muitos em declínio, o treinador português adaptou seus velhos métodos a uma nova realidade, viu a oportunidade de tornar Kane mais eficiente para a equipe em nova função e deu espaço para Son virar um grande artilheiro. O Tottenham, com um elenco reforçado, mostra força para brigar pelo título inglês. Mourinho, ao que parece, está de volta...