Já eram 47 minutos do segundo tempo. Da beira do gramado, Abel Ferreira gritava: "Vamos lá, ainda temos de finalizar mais uma vez". O Palmeiras vencia o Corinthians por 4 a 0. A passagem reflete muito bem o trabalho do português no Brasil, fazendo renascer um "Alviverde Imponente".
Sem querer dar munição ao embate entre "técnicos estrangeiros x técnicos nacionais", que é uma verdadeira bobagem, vale pegar um pouco como gancho o trabalho de Jorge Jesus para falar de Abel Ferreira.
O Flamengo, campeão brasileiro e da América em 2019, mostrou muito mais que um elenco recheado de grandes jogadores: era um time com fome de bola, de segunda a segunda. Quanto mais vencia, mais queria vencer. Quanto mais marcava, mais queria marcar. A busca era sempre pelo gol. Um português soube aproveitar bem as características dos nossos jogadores. E agora outro...
O Palmeiras usa bem a verticalidade na saída de jogo para dar velocidade aos ataques. Luan, contra o Corinthians, foi exemplar, com passes decisivos para os homens de frente, pegando a defesa corintiana descompactada. O terceiro gol, de Raphael Veiga, surgiu de um belíssimo lançamento de Luan para Luiz Adriano. Veiga ficou com a sobra para estufar a rede.
Importante também para achar espaços nas costas da defesa foi Zé Rafael, com excelente visão de jogo, potencializada pela incessante movimentação dos homens de frente. Zé Rafael enfiou a bola para Willian dar de bandeja o segundo gol a Luiz Adriano.
Raphael Veiga, Luiz Adriano e Willian foram um capítulo à parte no clássico. A movimentação dos três deixou completamente confusa a defesa corintiana, que insistiu em atuar em linhas altas, e acabou sempre surpreendida. O último tento do clássico foi um ataque ao espaço nas costas dos defensores de Luiz Adriano, que recebeu o presente de Gabriel (uma assistência ao avesso).
A troca de posição entre os atacantes foi fator de desequilíbrio, e o primeiro gol foi o maior exemplo disso: Willian saiu da área, girou e aproveitou que Luiz Adriano carregou a marcação em movimentação decisiva para deixar o gol com Raphael Veiga, que pisou na área para finalizar.
O Palmeiras ainda lutou por mais gols e, se não fosse Cássio... Foram oito arremates no alvo: metade deles entrou, a outra metade parou no goleiro. Fora os lances desperdiçados ou anulados pela arbitragem...
Rony e Breno ainda entraram nos minutos finais para atacar a profundidade, e Wéverton brilhou nas jogadas aéreas do ataque corintiano, mostrando a força do time em todos os setores e a homogeneidade do elenco. Com fome por gols e títulos, o Palmeiras está vivo em todas as frentes. E mais um português quer dominar o Brasil e a América...
4-0 | ||
Raphael Veiga 34' 48' Luiz Adriano 45' 66' |