A Chuteira de Ouro da Europa tem tudo para terminar sob os cuidados de Robert Lewandowski. O polonês segue da mesma forma que terminou 2019/20, com mais gols (24) do que jogos (18). Mas, engana-se quem pensa que o concorrente mais próximo do camisa 9 bávaro é Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Harry Kane, Kun Aguero ou outro grande nome do futebol mundial.
Enquanto o polonês lidera corrida pelo prêmio com 48 pontos, o segundo colocado é o ''desconhecido'' Paul Onuachu, atacante do Genk, da Bélgica. O nigeriano marcou 22 tentos em 24 jogos e, devido ao peso do campeonato belga, que soma 1.5 pontos por gol, tem apenas 33 no geral.
Se tirar o prêmio de goleador máximo da Europa de Robert Lewandowski parece uma missão quase impossível, Onuachu ao menos tem uma certa folga na liderança da artilharia na primeira divisão belga, uma vez que o vice-artilheiro na Bélgica é o francês Thomas Henry, com seis a menos. E ter um africano brilhando na competição, marcando muitos gols, tem sido frequente.
Caso o nigeriano se confirme como artilheiro do Campeonato Belga, será a quarta temporada seguida que um africano ficará com o posto. Em 2017/18 e 2018/19, o tunisiano Hamdi Harbaoui marcou 22 e 25 gols, respectivamente, para faturar o prêmio. Em 2019/20, quem levou foi Dieumerci Mbokani, da República Democrática do Congo, que foi às redes 18 vezes, dividindo com Jonathan David.
Se ampliarmos o olhar para os três máximos goleadores das últimas cinco temporadas, a eficiência ofensiva africana fica mais evidente. Em 2015/16, o francês Jeremy Pérbét, à época no Charleroi, ficou no topo com 24 gols, mas foi seguido pelo senegalês M’Baye Leye, que marcou 20, pelo Zulte Waregen, e pelo malinês Abdoulay Diaby, do Brugge, que balançou as redes 17 vezes.
Na temporada seguinte, o nigeriano Henry Onyekuru, hoje no Galatasaray, mas antes no Eupen, marcou 23 tentos e deixou para trás o polonês Lukasz Teodorczyk, com 22 pelo Anderlecht, e o português Orlando Sá, do Standard Liège, com 17.
O já citado Hamdi Harbaoui, em 2017/18, foi o representante do continente no pódio, anotando os seus 22 gols por Anderlecht e Zulte Warengen e liderando a estatística. Porém, no ano seguinte, a África dominou. O tunisiano foi o artilheiro com 25 bolas nas redes e teve a companhia do tanzaniano Mbwana Samatta, com duas a menos, e do nigeriano Victor Osimhen, com 19. Já na última edição do Campeonato Belga, como dito anteriormente, Diumerci Mbokani garantiu a chuteira dourada belga.
Evidente que a receptividade da Bélgica aos jogadores africanos é um ponto a ser levado em consideração. Na atual edição, 104 jogadores do continente disputam a competição, sem contar os que possuem descendência. Os países que mais fornecem atletas são Senegal (13), Camarões (12), Gana (12) e República Democrática do Congo (10), este foi colônia belga e só conquistou sua independência em 1960.
E o último goleador belga do campeonato nacional é justamente filho de congoleses: Romelu Lukaku. Atualmente na Internazionale de Milão, o centroavante foi o artilheiro do torneio com 15 gols, em 2009/10. Um dos pilares da famigerada ''ótima geração belga'', vê de longe jogadores de outras nações se revezarem no topo da estatística mais importante para os atacantes.
Pelo caminhar da temporada, 2020/21 não terá um belga ficando com a chuteira de ouro local. Tempo longo de espera para os pouco mais de 11 milhões de habitantes do país que aguardam pelo surgimento de um novo ''matador'' nacional.