Pedri foi uma das melhores notícias dessa Eurocopa. Aos 18 anos, o prodígio, que já conseguiu conquistar espaço no time principal do Barcelona, foi o maior protagonista da grande campanha espanhola no torneio, que terminou só nos pênaltis, diante da grande sensação da competição, a Itália.
A seleção espanhola não chegou cotada como favorita para a Eurocopa, muito pelo contrário. A campanha derrapante nas Eliminatórias, com tropeço em casa diante da Grécia e vitórias pouco convincentes diante de Geórgia e Kosovo, gerou dúvidas sobre até onde o time poderia chegar.
O próprio time titular, apesar de ainda ter o suporte de nomes como Sergio Busquets, é a cara de uma seleção em processo de renovação. A boa notícia para a Fúria é que essa renovação pode ser feita em volta de Pedri.
Pedri chegou na Eurocopa após ter feito 52 partidas pelo Barcelona na temporada, 40 delas como titular. O jovem não sentiu a pressão, e se firmou como uma das principais caras de um time que ainda busca identidade. Pedri conseguiu ainda quatro gols e seis assistências na temporada.
Pedri chegou na Eurocopa com apenas dois jogos como titular pela seleção espanhola. O que não o impediu de iniciar o torneio como titular. E depois virou titular indiscutível. E então protagonista. Como poucos jovens de 18 anos haviam conseguido antes.
"Nunca vi um jogador de 18 anos em uma competição, seja Copa do Mundo, Europeu, Olimpíadas, o que queiram... Como ele rendeu, como interpreta o jogo, como ocupa os espaços, a qualidade que tem, a personalidade para jogar essas partidas, eu nunca vi. É algo fora de toda a lógica", se espantou Luis Enrique logo após a derrota nos pênaltis para a Itália.
Pedri teve o maior percentual de passes certos na partida contra a Itália: acertou 65 de 67 tentativas. Diziam que Romeu Pellicciari, ídolo de Fluminense e Palmeiras, passava meses sem errar um passe. Não podemos dizer isso de Pedri em um mundo cada vez complementado pelas estatísticas, mas é quase isso. Na verdade, Pedri é mais que isso. Acrescenta ao jogo com passes decisivos, entrelinhas, para construir os espaços nas defesas adversárias.
Pedri apresenta uma tranquilidade fora de série na tomada de decisão, e uma classe extraordinária nos gestos técnicos. Com capacidade elevada de interpretação de jogo, não ocupa, mas domina os espaços do campo, levando o jogo da Fúria a um outro nível.
Mesmo com 18 anos, Pedri fez uma Eurocopa de gente grande. Não se escondeu de nenhum jogo, e não se abateu em momento adversos (como na partida em que marcou gol contra após Unai Simón não dominar um recuo de bola). Manteve sempre a cabeça erguida para escrever o início de uma bela história no futebol.
Para os que lamentam a "morte" do camisa 10 no futebol, Pedri é uma grande notícia. Um criativo com tamanha capacidade e, ao mesmo tempo, com tanto espaço para melhora, indica um futuro promissor. Ao menos para a Espanha. E para o Barcelona...