Escalar o ataque na seleção brasileira se tornou um desafio inesperado para Tite. Firmino, Jesus e Gabigol já deixaram a desejar pelo centro e o craque Neymar segue envolto com problemas físicos. Na defesa o dilema é outro, e de um tipo mais agradável para o treinador. Éder Militão, Marquinhos e Thiago Silva se apresentam a seleção nesta semana em grande fase e disputam duas posições.
Tite sempre foi conhecido por organizar times difíceis de serem batidos, com defesas sólidas e organizadas. E não poderia contar hoje com melhores peças em ano de Copa do Mundo do Catar. Seus zagueiros são destaque em três das principais ligas da Europa.
Thiago Silva é o mais experiente do trio. Com 37 anos, o zagueiro está longe do auge, mas isso significa pouco para quem foi por mais de uma década referência no posto. Neste domingo, o veterano foi novamente destaque no campeão europeu Chelsea, anulando Harry Kane e marcando um dos gols da vitória por 2 a 0 no clássico com o Tottenham. Os Blues já renovaram o seu contrato por mais uma temporada e confiam tanto em sua qualidade técnica como na liderança, fazendo dele um dos capitães do elenco.
Ex-companheiro de Thiago Silva no PSG, Marquinhos tem 27 anos e vem se mostrando um herdeiro do legado do seu ex-capitão. Herdou a faixa com a saída de Thiago e, ao contrário do veterano, vive o auge. Além de ser referência defensiva mesmo nos momentos de instabilidade do time parisiense, o brasileiro ainda compartilha o campo - e pode aprender - com outro nome que esteve entre os melhores do posto na década passada: Sergio Ramos.
Entrosada e reconhecida internacionalmente, Thiago Silva e Marquinhos são a dupla titular da seleção brasileira. Mas há um nome que vem crescendo e se firmando no gigante Real Madrid. Depois de duas temporadas de adaptação, Éder Militão, de 24 anos, tem sido o dono do posto em 2021/22. Neste domingo, o ex-jogador do São Paulo marcou o gol que salvou o time merengue da derrota.
TIte tem dificuldade até para separar quem será o quarto nome para a zaga, por conta das boas opções. Rodrigo Caio, do Flamengo, Lucas Veríssimo, do Benfica, Diego Carlos, do Sevilla, Gabriel Magalhães, do Arsenal (e atual convocado), Miranda, do São Paulo, Léo Ortiz, do Red Bull Bragantino, Felipe, do Atlético de Madrid... Todos já foram chamados para a seleção ao longo das eliminatórias.
Para Tite, o desafio será escolher a dupla no Catar. Thiago Silva e Marquinhos são os favoritos. O primeiro só perderá a posição de o treinador perceber que a idade pode ser um contratempo - o que não parece ser com o atleta em destaque na concorrida Premier League. O segundo por lesão. Há ainda a possibilidade de atuar com três defensores, explorando a qualidade técnica rara do trio. Mas Tite nunca indicou em seu trabalho na seleção que pode fazer isso.
Se a defesa tem atuado em alto nível, o ataque não parece passar a mesma segurança. A maior dúvida é sobre a forma física de Neymar no Catar. Desde que trocou o Barcelona pelo PSG, o brasileiro vem sofrendo com lesões. Em nenhuma das quatro temporadas completadas em Paris o craque atingiu a marca de 40 jogos - no Barça ultrapassou o número em seus quatro anos.
Gabriel Jesus, dono do posto no centro do ataque por longa temporada, segue sem ser titular absoluto no Manchester City. No clássico contra o Chelsea, o atacante atuou apenas nos minutos finais. Roberto Firmino também já teve dias melhores no Liverpool e não tem assumido a responsabilidade com as ausências de Mané e Salah. Gabigol, do Flamengo, teve oportunidades com Tite e não correspondeu.
Até a melhor notícia para Tite no setor ofensivo traz um porém. Vinícius Júnior é, hoje, o grande destaque brasileiro e do Real Madrid. Mas atua exatamente na mesma faixa do campo de Neymar, a estrela da seleção. Não será fácil encaixar a dupla.
Já na defesa não há dúvidas: o Brasil segue bem servido.
1-1 | ||
Félix Torres 75' | Casemiro 6' |