Brasileiro destaca impacto da pandemia no futebol espanhol longe da elite

A Espanha é o terceiro país no mundo em número de casos e quarto em vítimas fatais da Covid-19. O futebol por lá parou, como em quase todo mundo, mas se prepara para voltar. Isso na elite. Nas divisões inferiores, a temporada foi dada como encerrada para a maior parte dos clubes. O atacante brasileiro Pablo Andrade nos ajuda a ilustrar a situação. 

Atualmente em Ourense, região pouco afetada pela Covid-19, Pablo jogou a Terceira Divisão Espanhola pelo Rayo Majadahonda, equipe da região de Madri. 

Hoje com 26 anos, Pablo chegou na Espanha ainda mais jovem. Com passagens na base por Grêmio, Flamengo e Botafogo, iniciou como profissional no futebol em solo espanhol pelo Silva SD. 

"Na época, eu tinha 21 anos. Foi muito bom, o clube me deu total confiança junto com meus companheiros. Consegui ter um bom número de jogos, que acho que é o que todo jogador busca", contou para a reportagem.

Pablo revela que sua adaptação na Espanha foi facilitada por um dirigente que falava o português e por companheiros de equipe brasileiros. Sua carreira, então, se desenvolveu em solo espanhol. 

"As coisas foram acontecendo naturalmente, cada ano um clube daqui da Espanha se interessava por mim, e também já estou bem adaptado, falo a língua espanhola perfeitamente, as pessoas aonde vou me tratam bem... É um pais muito acolhedor e muito bom de se viver", garantiu.

O grande desafio de Pablo na Espanha foi em 2020, com a pandemia que parou o mundo. Depois de 20 jogos e um gol na temporada, o brasileiro viu o campeonato ser dado por encerrado. 

"Nosso último jogo foi 8 de março, desde então nunca voltamos a treinar no centro de treinamento, só em casa por vídeo chamada. Faz uma semana que o presidente da federação deu por cancelada competição e classificou os quatro primeiros para um playoff para ver quem sobe de divisão. Infelizmente, minha equipe terminou em sexto e já estamos de férias", explicou.

Antes de ir para Ourense, Pablo viveu os primeiros dias da pandemia em Madri, onde a situação foi bem complicada, com um isolamento rigoroso. 

"Madri foi a cidade mais afetada de toda Espanha, só podíamos sair na rua para ir no mercado e individualmente. Caso a segurança te visse junto com outras pessoas, ela te parava e te multava. O clima era bem tenso, até por ser um vírus novo. Não tínhamos tantas informações, e cada dia o número de mortos e infectados aumentava", lembrou.

Pablo já pensa na próxima temporada e ressalta que todo o futebol espanhol foi afetado economicamente. Os clubes terão de se adaptar a uma nova realidade de mercado. 

"Todo o futebol espanhol foi afetado economicamente, não tinha como estar preparado para algo desse tamanho. Todo clube para a próxima temporada vai ter que se ajeitar financeiramente para poder montar um elenco", analisou.

Pablo ainda não sabe onde irá jogar na próxima temporada, e na verdade essa não é nem sua maior preocupação. O atleta quer voltar ao Brasil e esperar que todo esse pesadelo acabe. 

"Minha maior preocupação no momento está sendo voltar para o Brasil, já que as fronteiras foram fechadas e meu voo e da minha esposa foram cancelados. Quero ver como vai estar o futebol mundial depois que passar essa pandemia e assim, junto com meus empresários, tomar uma decisão".