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Roberto Baggio: Il Codino Divino

Texto por Vasco Souza
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Conhecido pelo seu rabo de cavalo e por ser budista, Roberto Baggio é considerado um dos maiores jogadores italiano de todos os tempos, que marcou toda a década de 90. Mas para além das suas características pessoais e do seu talento, há um momento que marca a sua carreira e é lembrado com um sorriso no rosto por todo brasileiro: o pênalti perdido na final da Copa de 1994, que foi seguido por gritos de "É TETRAAA". Nada mais injusto para um dos maiores talentos da história do futebol mundial.

O início da carreira

Roberto Baggio nasceu em 18 de fevereiro de 1967, em Coldogno, pequena cidade perto de Vicenza, no seio de uma família grande – Baggio tinha sete irmãos. Aos nove anos, começou a jogar no clube local, mas cedo o seu talento chamou a atenção do maior clube da zona, o Vicenza, que o contratou aos 13 anos. Com apenas 16, estreava pela equipe principal, que disputava a terceira divisão.

No Vicenza, jogou três temporadas, desde logo mostrando imensa qualidade, e o seu talento levava os adversários a serem agressivos para o parar. À custa disso, sofreu várias lesões, que o levariam ao Departamento Médico várias vezes e que marcariam toda a carreira.

Tanto talento não passou despercebido, sendo contratado pela Fiorentina, uma das maiores equipes italianas, quando tinha apenas 18 anos. Depois de duas temporadas complicadas, devido às lesões que o limitaram a apenas 15 jogos, impôs-se, tornando-se ídolo da torcida local. Foram três temporadas de enorme qualidade, entre 1987 e 1990. Não eram os melhores anos do time de Florença, mas, ainda assim, Baggio carregou a Viola para a final da Copa Uefa de 1990, perdida para a Juventus.

A primeira Copa

Obviamente, tanto talento não podia ser desperdiçado pela seleção italiana. Em 1988, pelas mãos de Vicini, Baggio estreou pela Squadra Azzurra, com 21 anos, num jogo contra a Holanda. Sem surpresa, foi convocado para a Copa do Mundo de 1990, fazendo parte de um elenco muito forte que ambicionava conquistar o título mundial em casa.

Os italianos venceram os dois primeiros jogos da competição, ambos por 1 a 0, com Roberto Baggio no banco e sem entrar, já que o treinador local optava por Carnevale e Vialli. Assim, a estreia em Copas do craque aconteceu diante da Tchecoslováquia, no terceiro jogo, formando dupla de atacantes com Schillaci. Ambos marcaram, sendo que o gol de Baggio foi considerado um dos melhores do torneio, em grande jogada individual.

Apesar das boas exibições, Vicini deixou-o no banco nas semifinais, diante da Argentina, de Maradona. Os italianos foram eliminados nos pênaltis, acabando por ficar em 3º lugar do torneio, após uma vitória sobre a Inglaterra, com Baggio marcando novamente.

Transferência polêmica e melhor do mundo

Quando se iniciou a Copa, Roberto Baggio já tinha assinado pela Juventus. A transferência foi polêmica, uma vez que os torcedores da Fiore não queriam que o seu ídolo abandonasse o clube e protestaram contra a direção pela venda do seu principal jogador.

Na primeira vez que jogou na casa de seu ex-clube pela Juventus, Baggio recusou-se a bater um pênalti. A Juve acabou por perder o jogo por 1 a 0, e Baggio foi a figura do jogo: no final do duelo, beijou um cachecol da Fiorentina atirado para o gramado, ganhando a admiração dos torcedores locais, mas um gesto que foi mal visto pelos fãs da Vecchia Signora.

Em Turim, Baggio viveu os melhores momentos da carreira. Em 1993, tornou-se o capitão da equipe que venceu a Copa Uefa, marcando dois gols na partida de ida da final, na casa do Borussia Dortmund. Marcou um total de 30 gols e foi eleito o melhor jogador do mundo pela Ffia, na frente de Romário e Bergkamp, e vencendo ainda a Bola de Ouro, prêmio atribuído pela France Football.

Gênio e desilusão nos Estados Unidos

No melhor momento da carreira, Baggio era a grande esperança da Itália para a Copa de 1994, nos Estados Unidos. Em um torneio onde se apresentaram inúmeros craques (Romário, Bergkamp, Stoitchkov, Klinsmann, Hagi, Matthaus, Maradona, Batistuta...), para muitos o melhor de todos era Baggio. Depois de não participarem, com surpresa, da Eurocopa de 92, os italianos apostaram em Arrigo Sacchi, técnico que guiara anos antes o Milan a grandes títulos.

A Copa nos Estados Unidos nem começou muito bem para a Itália e para Roberto Baggio. Os italianos perderam na estreia para a Irlanda, e depois suaram para vencer a Noruega, em jogo em que o goleiro Pagliuca foi expulso ainda na primeira parte. Sacchi tinha que retirar um jogador para colocar em campo o goleiro suplente e, para surpresa de todos, foi o camisa 10 o sacrificado. Era o primeiro sinal que a relação entre o craque italiano e o treinador não era das melhores.

A classificação para as oitavas de final ficou garantida com um empate frente ao México, com uma exibição apagada de Baggio. Contudo, na fase mata-mata, poucos jogadores tiveram tanta influência em suas seleções em Copas como Roberto. Nas oitavas de final, os italianos perdiam para a Nigéria e jogavam com dez jogadores, devido a expulsão de Zola. Parecia ser o fim de linha para a Squadra Azzurra, mas o seu craque tinha outros planos. Aos 88 minutos, empatou a partida, que resolveu na prorrogação, ao cobrar um pênalti.

Nas quartas de final, Baggio marcou o gol da vitória da Itália sobre a Espanha, mais uma vez perto do fim do jogo. Nas semifinais, Baggio fez dois ainda no primeiro tempo, mas saiu aos 71 minutos com problemas físicos, e os italianos derrubaram a Bulgária.

@Getty / Shaun Botterill
12 anos depois, a Itália estava de volta a uma final de Copa – e todos os olhares do mundo estavam em Romário e Roberto Baggio. A final iria decidir quem era o melhor jogador do torneio, e por consequência, o melhor do mundo. Disputada perante um imenso calor, a final foi pouco emocionante e, pela primeira vez uma Copa foi decidida nos pênaltis.

Quis o destino que fosse ele, Baggio, a cobrar o último pênalti da Itália. Se errasse, o título seria da seleção de Carlos Alberto Parreira. Especialista em lances de bola parada, a probabilidade de falhar era reduzida – mas falhou. O arremate saiu por cima da trave e a imagem que ficou para a eternidade foi a de Roberto Baggio com as mãos nos joelhos e de cabeça baixa. Taffarel, de joelhos, erguia a mão para o céu em agradecimento. "É TETRAA!". No final do ano, Baggio foi eleito o 3º melhor jogador do mundo, e Romário faturou o prêmio.

Bicampeão italiano

Em 1994/95, Baggio conquistou, enfim, o seu primeiro título de campeão italiano. Em uma equipe onde brilhavam, entre outros, Vialli, Ravanelli, Peruzzi, Paulo Sousa, Deschamps e o jovem Del Piero, a Juventus conquistou a dobradinha. Com Del Piero cada vez mais protagonista, Roberto Baggio decidiu abandonar Turim, rumando ao rival, Milan, onde se sagrou novamente campeão nacional.

Nas duas temporadas ao serviço dos Rossoneri, Baggio não exibiu um nível tão elevado quanto o esperado. De forma surpreendente, assinou pelo Bologna, onde realizou uma fantástica campanha, sendo o terceiro artilheiro da Serie A, com 22 gols.

A terceira Copa

As grandes exibições pelo Bologna abriram novamente as portas da seleção para o craque. Em 1994, Baggio deixou de ser convocado por Arrigo Sacchi para a Squadra Azzurra, na confirmação de que o técnico italiano não era propriamente o seu maior fã.

Já com Cesare Maldini, Baggio foi convocado para o seu terceiro Mundial. Na estreia, contra o Chile, os italianos perdiam perto quando se beneficiaram de um pênalti. Mostrando personalidade, Baggio assumiu a responsabilidade, sem receio dos fantasmas de quatro anos antes. Cobrou o pênalti com tranquilidade, fazendo história, ao tornar-se o primeiro jogador italiano a marcar em três Copas.

Alternou a titularidade durante o torneio com Del Piero, voltando a marcar um gol (frente à Áustria), mas a Itália caiu nas quartas de final, perante a anfitriã França. O jogo só foi decidido nos pênaltis. Desta vez, Baggio marcou. Foi o seu último jogo em Copas, tendo sempre caído nos pênaltis.

As suas exibições em Mundiais levaram a que, em 2002, integrasse o time ideal de Copas do Mundo, eleito pela Fifa. Pela Squadra Azzurra, só realizou mais três jogos, voltando depois em 2004 para a sua despedida, em Gênova, num amistoso contra a Espanha. Quando foi substituído, recebeu uma enorme ovação por parte do público.

Curiosamente, e apesar de ser um dos maiores nomes da história das Copas, Roberto Baggio nunca participou em nenhuma Eurocopa. Só estreou pela seleção após a Euro de 88, os italianos não se qualificaram para a Euro de 92, Arrigo Sacchi não o convocou para a Euro de 96, e já estava na fase final da carreira na Euro de 2000.

Os últimos anos

Depois da Copa na França, Roberto Baggio foi transferido para a Inter, tornando-se um dos poucos jogadores a representar os três maiores clubes italianos. Depois de dois anos nos Nerazzurri, foi para o Brescia, onde realizou quatro temporadas, terminando a carreira no clube, em 2004. O seu último jogo foi disputado em San Siro, frente ao Milan, com o estádio o aplaudindo de pé durante três minutos. Desde a sua aposentadoria, nenhum outro jogador do Brescia utilizou a camisa 10.

Os títulos podem não ter sido muitos ao longo da carreira, mas quem viu Baggio jogar o reconhece como um jogador genial. Il Codino Divino, como ficou conhecido pelo rabo de cavalo que era a sua imagem de marca, deixou uma marca impossível de apagar no futebol. Platini definiu-o como “um fantástico 9 e meio”, por não ser um centroavante, mas apresentar números goleadores consideráveis. Especialista em lances de bola parada, com enorme técnica e uma visão de jogo brilhante, Roberto Baggio é um dos imortais do futebol mundial.

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Roberto Baggio (ITA)
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