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2001: Um Furacão domina o Brasil

Texto por Caio Fiusa
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Uma final de Campeonato Brasileiro na véspera de Natal, com dois clubes que jamais haviam conquistado a competição e que foram líder e vice-líder na primeira fase. O melhor ataque, do Athletico Paranaense, contra a melhor defesa, do São Caetano. Era com esse enredo que o Rubro-Negro do Paraná e o Azulão do ABC paulista se enfrentaram para decidir o título daquela edição. O final feliz foi do Furacão. 

O Brasileiro de 2001 teve 28 times e o formato de disputa foi de um turno, com 27 rodadas, quatro rebaixados e os oito melhores classificados para o mata-mata. Nas quartas e semis, jogos únicos e a equipe de melhor colocação na primeira fase teve a vantagem do empate. A final foi disputada em duas partidas. 

O certame começou em agosto, logo após o fim da Libertadores, que contou com Vasco, atual campeão nacional, São Caetano, vice, Cruzeiro e Palmeiras. Além deles, o Corinthians, campeão do Mundial de Clubes de 2000 e vencedor do Paulista do ano seguinte, também era outra equipe que vivia bom momento. Para Alex Mineiro, atacante e nome mais decisivo do título athleticano, não era apenas o quinteto que tinha condições de conquistar o título. 

''Todos (risos). Não começamos o Brasileiro pensando em ser campeões, o trabalho foi surgindo. Perdemos alguns jogos no início e tivemos a troca no comando. Aí, conseguimos uma boa sequência de resultados, o que nos deu mais confiança, deixou o grupo mais unido e vimos a possibilidade de chegar entre os oito melhores'', lembrou Alex Mineiro em conversa com a reportagem de oGol.

O ex-jogador chegou ao Paraná vindo do Cruzeiro junto com Donizete Amorim, em uma troca que levou Luisinho Netto e Marcus Vinícius à Belo Horizonte. No início da temporada, a equipe era comandada por Mário Sérgio e foi campeã estadual. Entretanto, o treinador ficou a frente do Furacão por somente dez rodadas. 

Frase polêmica e mudança de comando

O clube até começou bem, com quatro vitórias e um empate nas cinco primeiras partidas. Porém, uma nova sequência, essa de cinco jogos sem vitórias, sendo quatro derrotas, fez o técnico deixar o cargo. Após o empate contra o Santos por 1 a 1, em Curitiba, Mário Sérgio disse uma frase em referência ao comportamento dos atletas fora de campo que marcou o time e repercute até os dias de hoje: ''ou o Athletico acaba com a noite, ou a noite acaba com o Athletico''.

O treinador ainda permaneceu no cargo por mais duas rodadas, mas o clube foi derrotado por 2 a 0 pelo Palmeiras, em São Paulo, e 2 a 1, pelo Fluminense, em casa e a saída de Mário Sérgio ocorreu definitivamente. Alex conta que a frase mexeu com o grupo e coube ao novo comandante reverter a situação. 

''Naquela oportunidade, o time passava por um momento difícil. O Mário Sérgio foi infeliz nessa entrevista. Eu não saía muito, ficava mais em casa. Depois disso, para sairmos na rua, piorou. O Geninho chegou e acalmou os ânimos e nos concentramos'', revelou o ex-jogador. 

Alex Mineiro contou que além do novo treinador, a equipe ganhou outro reforço, esse, fora de campo que foi fundamental para a mudança de postura dentro das quatro linhas. 

''Era quase o mesmo estilo de jogo. A equipe era muito boa tecnicamente e engrenamos. O psicológico mudou e mudamos dentro de campo. O Geninho conversava bastante com o grupo nas preleções, organizava a equipe. A Suzy Fleury, psicóloga, fez um trabalho individual muito bom também.''

Com Geninho, o Athletico Paranaense chegou ao segundo lugar na primeira fase, com 51 pontos, atrás somente do São Caetano, que marcou 59, e a vaga garantida no mata-mata. Entre os oito classificados, o Furacão chamava atenção por ter o ataque mais positivo com 58 gols marcados e também, a segunda defesa mais vazada com 40 sofridos. Nada que assustasse o artilheiro. 


''Nosso time era marcado pela ofensividade e visávamos muito o contra-ataque, ainda mais quando jogávamos fora de casa. Éramos muito rápidos com Adriano Gabiru e Kléberson no meio e o Kléber Pereira na frente. Nós atacávamos, mas ficávamos expostos, por isso sofríamos muitos gols'', analisou o ex-atacante.  

O jogo ofensivo ficou evidenciado em alguns resultados impactantes, como três expressivas goleadas. A primeira, ainda com Mário Sérgio no comando, um 4 a 0 sobre o Flamengo. Depois, já com Geninho, dois 5 a 1, ambos fora de casa, contra Santa Cruz e Ponte Preta. Soma-se ainda a vitória por 4 a 2 sobre o Vitória, em Salvador, e um incrível 6 a 3 sobre o Bahia, na Arena da Baixada. O Furacão ainda foi ao Beira-Rio e arrancou um empate por 4 a 4 diante do Internacional, nos minutos finais. 

Embora o Athletico Paranaense fosse o bicampeão estadual, o maior rival, Coritiba, era o único do Paraná com um título nacional, conquistado 16 anos antes. Apesar disso, segundo Alex Mineiro, o elenco não sentiu um peso maior para também levantar o caneco do Brasileiro. O ex-camisa 9 lembrou que o Furacão tinha dois importantes aliados: a torcida e o regulamento. 

''Não tivemos pressão. A equipe já estava muito confiante, jogando com a torcida ao lado, que era o nosso 12º jogador. Quando ela empurra, o jogo flui. No mata-mata, nós vimos que era possível conseguir algo mais. Nós podíamos empatar. Sabíamos do nosso poder ofensivo, principalmente na Arena da Baixada. Era um fato novo o clube chegar nas fases finais, então, estávamos no lucro e aí, foi só concretizar. Nós sabíamos da dificuldade, mas soubemos aproveitar a vantagem, os jogos em casa'', comentou o ex-camisa 9 do Furacão. 

Alex Mineiro brilha

E foi exatamente nos jogos do mata-mata que a estrela de Alex Mineiro brilhou. Nas quartas, o São Paulo foi até Curitiba visitar o adversário que havia sido derrotado no Morumbi por 2 a 1, na primeira fase. Porém, na capital paranaense, o Furacão devolveu o placar. Alex Mineiro protegeu e serviu Kléber Pereira, que abriu o placar nos 45 minutos iniciais. Adriano, de pênalti, deixou tudo igual. Mas, aos 35 da segunda etapa, Gustavo tabelou com Adriano Gabiru e finalizou. Rogério Ceni deu rebote e lá estava o camisa 9 para deixar o Athletico Paranaense na frente e na semifinal.

O adversário foi o Fluminense, time que havia vencido dentro da Arena da Baixada, por 2 a 1, na primeira fase. A semifinal foi um duelo particular entre Alex Mineiro e Magno Alves. O atacante tricolor saiu na frente, no finalzinho do primeiro tempo. O Athletico empatou no início da etapa final, com o camisa 9 rubro-negro aproveitando a sobra após o escanteio. O atacante ainda contou com bobeada do zagueiro rival e finalizou por baixo do goleiro para virar a partida. 

Entretanto, Magno Alves colocou drama na partida restando 15 minutos para o fim: 2 a 2. Mas, aos 43, não teve jeito para a equipe carioca. Alex Mineiro recebeu na entrada da área, abriu para a canhota e chutou rasteiro, no canto. A bola ainda tocou caprichosamente na trave antes de entrar e garantir o Furacão na decisão, que teria um campeão inédito. O rival era o São Caetano, atual vice-campeão, mas recém promovido à elite do futebol nacional e com pouca tradição, fato que não fez o time rubro-negro relaxar. Pelo contrário. 

''Com certeza nós conversamos sobre não menosprezar o rival em momento algum. Cada um fez o seu para chegar à final. Foram as duas melhores equipes de toda a competição. O respeito era muito grande e eles já vinham de uma final. Isso nos deixava temerosos, mas o nosso elenco era muito experiente'', lembrou Alex Mineiro. 

Diferente das fases anteriores, a final foi disputada em duas partidas. A de ida, foi em Curitiba e o Furacão fez jus ao apelido. Após boa jogada de Adriano, Ilan completou para o fundo das redes aos quatro minutos. Mas o São Caetano empatou em chute com efeito de longe de Mancini, que enganou o goleiro Flávio. O mesmo Mancini cobrou falta, que bateu na barreira e sobrou para Marcos Paulo virar o placar, em plena Arena da Baixada, aos dez minutos do segundo tempo.

A resposta veio em seguida. Alex Mineiro recebeu de Alessandro, cara a cara com o goleiro, e bateu por baixo, para deixar o jogo empatado novamente. A virada foi em um lance genial. O camisa 9 tocou para Souza, que devolveu de letra. O artilheiro passou no meio de dois marcadores e chutou na saída de Silvio Luiz. Furacão na frente.

A partida se encaminhava para o final com a vantagem mínima em favor do time paranaense, mas já nos acréscimos, Gabiru foi derrubado dentro da área. Pênalti que Alex Mineiro cobrou forte, por baixo do goleiro e fez mais um hat-trick: 4 a 2 e um placar mais seguro para o jogo no ABC paulista.

No Estádio Anacleto Campanella, dia 23 de dezembro de 2001, aos 21 minutos do segundo tempo, Fabiano chutou cruzado, Silvio Luiz espalmou e ele, Alex Mineiro, aproveitou o rebote, fez o gol solitário do jogo e o último daquela edição, que coroou o Athletico Paranaense como campeão brasileiro. O atacante terminou a competição com 17 gols, mesmo número que o companheiro Kléber Pereira. A dupla ficou atrás de Romário, do Vasco, com 21, e Washington Coração Valente, da Ponte Preta, com 18. 

''Eu tenho que agradecer muito a Deus pela sorte, foi uma benção. Isso foi fruto de uma preparação para os jogos. Você tem que estar preparado e aproveitar. Em uma decisão, são poucas chances de gol que aparecem e elas caíram no meu pé no momento certo. Eu tentei dar o meu melhor, fazer o máximo'', disse o camisa 9 do Furacão em 2001. 

Ao final da temporada, Alex Mineiro foi eleito o Bola de Ouro do Brasileiro e, ao lado de Romário, um dos atacantes na seleção do campeonato. Além dele, Gustavo e Kléberson foram outros representantes do Athletico Paranaense no time dos melhores.

Números da edição

Média de gols: 2,86 gols/jogo

Melhor ataque: Athletico - 68 gols

Melhor defesa: São Caetano - 31 gols

Artilheiro: Romário (Vasco) - 21 gols

Jogador com mais partidas: Silvio Luiz e Anaílson (São Caetano) - 31 jogos

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