O Campeonato Brasileiro de 1999 teve, assim como no ano anterior, uma final entre paulistanos e mineiros. De novo era o Corinthians a decidir, de novo era o Corinthians a vencer. Com a base de 1998, aquela verdadeira seleção corintiana faturou mais um Brasileirão.
Foram 22 clubes participantes, em formato idêntico ao de 1998: primeira fase onde todos jogaram contra todos e oito equipes se qualificavam para o mata-mata, com quartas de final, semifinal e final com três jogos. Mais uma vez, o Timão liderou a primeira fase e dominou também o mata-mata.
Era um time pouco modificado. Na verdade até fortificado: apesar da saída de Carlos Gamarra ao Atlético de Madrid, Dinei se manteve como talismã, Marcelinho Carioca, Vampeta, Edílson e Ricardinho seguiram como a base sólida da equipe, que ainda ganhou Dida no gol, João Carlos na defesa e Luizão no ataque. No comando, Oswaldo de Oliveira assumiu no lugar de Vanderlei Luxemburgo.
O atacante Luizão foi uma das novidades para o Corinthians em 1999. Convidado por oGol para falar sobre essa conquista, Luizão garantiu que não demorou a se adaptar no clube e ressaltou a força do elenco corintiano na época.
"A minha adaptação ao Corinthians foi muito fácil. Chegou eu, Dida, João Carlos, tinha o Fernando Baiano, um dos maiores centroavantes que vi jogar, mas era muito novo. E foi se encaixando. Tinha o Edílson, que eu conhecia desde os meus 16 anos. Então a adaptação foi muito fácil. E a gente sabia que ia ser campeão. Nosso time era muito bom, era fantástico, tinha grandes jogadores. Na época, os times brasileiros eram muito bons, mas o nosso era o melhor de todos", destacou em entrevista para a reportagem.
O início da campanha corintiana foi absolutamente arrasador: vitória por 4 a 2 sobre o Gama, 4 a 1 sobre o Botafogo de Ribeirão Preto, 2 a 0 sobre o Guarani e 5 a 1 diante do Vitória. Luizão marcou em todos os jogos, com destaque para quatro gols logo na estreia, diante do Gama.
"Cheguei no time certo, na hora certa. Na minha estreia, estava quatro quilos acima do peso. O Oswaldo, Fábio Mahseredjian, o Mello (Antônio Carlos da Silva Mello), o Ricardo Rosa (os últimos três preparadores físicos) não queriam deixar eu jogar. Eles falaram: 'Se você fizer gol, você está magro. Se não fizer...' Aí fui e fiz quatro. Aí estava magro para caramba (risos)", recordou o atacante.
"Acho que no começo pelo Corinthians, na estreia, acho que só eu e Sócrates que fizemos quatro gols. Eu estava um tempo sem jogar, estava louco para jogar futebol. Estava acima do peso, mas estava louco para jogar. Isso ajudou, e os companheiros. Os caras me davam bola, eu me posicionava bem e a bola entrava", completou.
Os gols de Luizão foram decisivos na campanha corintiana. Ao todo, foram 21 tentos do atacante, que viveu um dos melhores anos da carreira e foi o artilheiro do clube no Brasileirão ("roubando" o posto de Marcelinho, artilheiro na campanha anterior).
Mas o Timão precisou de mais que os gols de Luizão para ser campeão. Depois de eliminar o Guarani nas quartas de final, o Alvinegro encarou o São Paulo na semifinal e Dida fez uma das grandes partidas da carreira, pegando dois pênaltis. O Corinthians venceu por 3 a 2 em um dos jogos mais marcantes da campanha.
"Aquela atuação do Dida pegando os dois pênaltis foi linda, ficou marcada. No segundo pênalti fui eu que tirei a bola. A gente confiava demais no Dida. Melhor goleiro que joguei até hoje, com todo respeito aos outros", garantiu Luizão.
Nas finais contra o Atlético Mineiro, mais um mineiro no caminho corintiano (em 1998 o Timão foi campeão em cima do Cruzeiro), o herói foi Luizão. Depois de marcar em Minas Gerais na derrota por 3 a 2, o artilheiro fez os dois gols da vitória no Morumbi, por 2 a 0. Em seguida, o Corinthians confirmou o título com um empate sem gols.
"A minha passagem pelo Corinthians é uma coisa de louco. Você poder fazer os gols que deram o título a um clube igual o Corinthians... Fiz em Minas, fiz os dois aqui. Fui tão iluminado que aqui empatou em 0 a 0 e eu fiquei como o autor dos gols do título. Mas essa torcida é maravilhosa, o clube é fantástico. Tenho uma honra muito grande de fazer parte dessa história", finalizou.
Média de gols: 2,84 gols/jogo
Melhor ataque: Corinthians - 61 gols
Melhor defesa: Ponte Preta e Palmeiras - 23 gols sofridos
Artilheiro: Guilherme (Atlético Mineiro) - 28 gols
Jogador com mais partidas: Cláudio Caçapa (Atlético Mineiro) - 29 jogos