Após o grande sucesso da primeira edição da Copa do Mundo, no Uruguai, as equipes voltaram a se reunir em um país-sede afim de saber qual a nação mais poderosa no esporte que começava a dominar o planeta.
Após a desistência da Suécia, a Itália, após muita discussão política na já existente e polêmica Fifa, foi a nação escolhida para sediar o Mundial. Diferente de quatro anos antes, a competição foi organizada com países classificados e não convidados. Até por isso, e divergências políticas, o atual campeão Uruguai foi ausente no certame.
Sem fase de grupos, o Mundial já começou diretamente nas oitavas de final e é a única onde os oito melhores foram todos europeus. O cenário era bem diferente do conhecido atualmente.
A Copa do Mundo de 34, que promoveu o triunfo italiano, também foi palco de mais uma decepção brasileira. Assim como aconteceu quatro anos antes, o selecionado canarinho voltou a protagonizar um grande fiasco.
Sem nenhum jogo de preparação, com nove atletas do Botafogo e mais um vexame na conta, o selecionado brasileiro logo deu adeus ao Mundial após a derrota por 3 a 1 para a forte seleção da Espanha. Leônidas marcou o único gol tupiniquim na competição, enquanto Iraragorri e Lángara marcaram para os espanhóis.
No fervor do fascismo, a Azzurra triunfa
Sediando e já com sinais do gigantismo no futebol, a Itália utilizou a força de sua torcida, o exagerado nacionalismo político com o fervente fascismo de Benito Mussolini e o ídolo eterno Giuseppe Meazza para conquistar seu primeiro título.
Sim, Giuseppe Meazza é o personagem que dá nome ao templo do futebol San Siro, casa de Inter e Milan. E também foi o principal nome da competição, regendo o meio-campo italiano ao título.
Com uma campanha de quatro vitórias, um empate, empate levava o duelo ao jogo-extra no dia seguinte, com 12 gols feitos e apenas três sofridos, a Itália sobrou e venceu a Copa após bater a então Tchecoslováquia prorrogação.
O Estádio Nacional do Partido Nacional Fascista foi o palco desta decisão. A Tchecoslováquia depositava sua esperança no artilheiro Oldřich Nejedlý e no grande goleiro František Plánička. A Azzura contava com o mando de campo, com o craque Meazza ( e com o fato de seu time ser bem superior tecnicamente que a Tchecoslováquia.
Nas arquibancadas, II Duce Benito Mussolini compareceu para intimidar os tchecoslovacos e, ao mesmo tempo, garantir que os italianos dessem o máximo em campo, ou "arcariam com as consequências'', como o mesmo declarou em carta enviada à delegação italiana durante a competição.
Para apreensão do ditador, a Tchecoslováquia liderou o placar por 1 a 0, gol de Antonín Puc. Porém, logo na sequência, Raimundo Orsi empatou a partida após lance polêmico.
O meia Giovanni Ferrari dominou a bola com o braço pela meia esquerda no ataque italiano, gerando desde logo reclamação dos tchecoslovacos. A jogada prosseguiu com ele encontrando na linha lateral da grande área Orsi, que driblou o marcador e conseguiu chutar no canto direito de Plánička
A partida foi para a prorrogação. A Azzurra se lançou ao ataque e virou aos cinco minutos do primeiro tempo. A defesa tcheca perdeu uma bola dividida que custaria caro: ao ganhar o lance, Enrique Guaita tocou para Angelo Schiavio, que chutou quase do bico da grande área quando o zagueiro Josef Čtyřoký chegava para tentar interceptar. O chute saiu prensado, fazendo a bola encobrir Plánička,
Depois da virada, a Itália se trancou na defesa e só esperou o apito final. Ao final do jogo, os italianos podiam comemorar sua primeira Copa do Mundo. O técnico Pozzo e os jogadores italianos ficaram muito aliviados por terem conseguido cumprir a missão dada por Mussolini. Lamentavelmente, a Copa havia virado um palco para promoção de um regime ditatorial que mais tarde viria a causar muitas mortes.