A Copa do Mundo de 1974 foi a primeira, desde 1954, sem a presença de Pelé. Foi um Mundial órfão de um Rei, órfão de um Brasil que esteve longe de ser o esquadrão de quatro anos antes, mas com festa da dona da casa, a Alemanha Ocidental (República Federal da Alemanha, RFA), e seu timaço, capaz de superar até a Laranja Mecânica.
Em um país dividido, os alemães do ocidente receberam os do oriente em uma Copa de duas Alemanhas. A Austrália foi a primeira seleção da Oceania a jogar uma Copa do Mundo.
O formado da Copa de 74 foi parecido com o dos anos anteriores: 16 seleções divididas em quatro chaves. Dessa vez, porém, haveria uma segunda fase de grupos.
A Copa das Alemanhas
O grupo 1 foi o grupo das duas Alemanhas: oriente e ocidente tiveram de se enfrentar. Depois de enfrentarem australianos e chilenos (a República Democrática Alemã, RDA, empatou contra os chilenos), o duelo das duas Alemanhas aconteceu no dia 22 de junho.
Em Hamburgo, o muro que dividia os dois países tombou para um encontro especial. Jürgen Sparwasser marcou o único gol do encontro e deu a vitória para os orientais. No fim, entretanto, as duas seleções acabaram se classificando.
O grupo 3 foi dominado pela Laranja Mecânica de Cruyff, que avançou junto com a Suécia, e a chave 4 foi da Polônia de Grzegorz Lato, que seria o artilheiro daquele Mundial, e Andrzej Szarmach (que fez uma Copa fabulosa). Os poloneses chegaram a enfiar 7 a 0 no Haiti (a maior goleada daquela Copa, porém, foi Iugoslávia 9 x 0 Zaire).
O Haiti acabou sendo decisivo para definir o outro classificado da chave. A Argentina, de Kempes, enfiou 4 a 1 nos haitianos, enquanto a Itália, de Luigi Riva, Rivera, Fabio Capelo, Dino Zoff e companhia, venceu por 3 a 1 e acabou eliminada no saldo de gols.
O fracasso brasileiro
Em se tratando de Brasil, qualquer campanha que não termine com título pode acabar sendo, injustamente algumas vezes, considerada um fracasso. Mas a trajetória na Copa de 1974 foi bem abaixo das expectativas.
O time, é claro, não era o mesmo do tricampeonato. Já não tinha Pelé, para começar, e nem Tostão, nem Gerson. E tinha alguns jogadores longe do auge.
A estreia foi enfadonha, um 0 a 0 contra a Iugoslávia. O segundo jogo foi na mesma linha: empate sem gols com a Escócia. E a vitória por 3 a 0 sobre o Zaire não convenceu.
Ainda assim, o Brasil avançou em segundo, e deu alguma esperança na fase seguinte com vitórias sobre a República Democrática da Alemanha e a Argentina, que ficaram pelo caminho.
A decisão da vaga na final ficou entre brasileiros e holandeses. Revolução de Rinus Michels, o Futebol Total encantava o mundo. Enquanto a seleção brasileira só cumpria seu papel...
Mas o jogo do dia 3 de julho foi equilibrado. O Carrossel Holandês só conseguiu impor seu jogo no segundo tempo, e venceu pela velocidade dos contra-ataques finalizados por Johan Neeskens e Cruyff.
Alemanha trava Laranja Mecânica
No outro grupo que definia um finalista, a seleção da casa foi soberana, derrubando a Polônia que fez uma grande Copa, a melhor do país, que ainda terminaria com terceira colocação com vitória sobre o Brasil.
A final foi disputada no Olímpico de Berlim em 7 de julho. A disciplinada seleção alemã ocidental, com a qualidade do Kaiser Franz Beckenbauer e de Paul Breitner e o faro artilheiro de Gerd Müller, conseguiu fazer frente ao Carrossel.
O jogo começou favorável aos holandeses. Uli Hoeneß cometeu pênalti em Cruyff logo em um dos primeiros ataques e Johan Neeskens abriu o placar.
Teve pênalti também para o outro lado: Bernd Hölzenbein foi derrubado na área, e Breitner empatou. A virada alemã veio ainda antes do intervalo: Bonhof fez jogada pela direita e mandou para Müller marcar o 2 a 1.
Com o chamado Muro de Munique, uma defesa composta por jogadores do Bayern, a Alemanha Ocidental segurou a Laranja Mecânica e, em casa, conquistou o bicampeonato.