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Ronaldo, o Fenômeno

Texto por Carlos Ramos
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Maior ídolo de uma geração no país mais vezes campeão mundial, Ronaldo é responsável por um dos inícios de carreira mais deslumbrantes de um jogador de futebol. E quando o corpo falhou, o atacante tratou de transformar a tragédia em uma das mais bem-sucedidas histórias de superação no esporte. Um verdadeiro Fenômeno.

Mais novo dos três filhos de seu Nélio e dona Sônia, Ronaldo Luís Nazário de Lima nasceu em 18 de setembro de 1976, mas foi registrado só dia 22. O menino cresceu em Bento Ribeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, e teve infância humilde. 

Começou a jogar no futsal em equipes da região, até que foi para o São Cristóvão, após não ter condições de bancar passagens de ônibus para treinar no Flamengo. Na Figueira de Melo, chamou a atenção de outros clubes. Chegou a ser oferecido ao Botafogo, mas acabou em Belo Horizonte. 

Com 16 anos, Ronaldo chegou ao Cruzeiro e já fez parte do elenco principal. Estreou no Campeonato Mineiro de 1993, e marcou o primeiro gol contra o Bahia, no Brasileiro daquele ano. No jogo seguinte, no Mineirão, marcou contra seu time do coração, o Flamengo, em derrota cruzeirense. 

Naquele mesmo ano, Ronaldo já começou a chamar a atenção da seleção brasileira. No jogo da volta contra o Bahia, o atacante marcou cinco gols em goleada por 6 a 0 no Mineirão, em jogo que já fazia por merecer o apelido de Fenômeno. 

Autor do primeiro gol do jogo em cobrança de pênalti, Ronaldo assistiu Careca e foi além, fazendo outros quatro gols. Um deles, passou por muito tempo na TV (e ainda passa). Depois de defender arremate de Nonato, Rodolfo Rodríguez foi reclamar da defesa e soltou a bola no chão. Esperto e rápido, Ronaldo roubou a bola e tocou para as redes. 

Campeão mineiro em 1994, Ronaldo passou a ser chamado por Carlos Alberto Parreira para a seleção. Marcou seu primeiro gol contra a Islândia, em maio, às vésperas da Copa nos Estados Unidos. No Mundial, foi um reserva de luxo, e viu do banco o tetracampeonato da seleção. 

Do espectador ao protagonista 

Se em 1994 Ronaldo foi um mero espectador, nos quatro anos seguintes o atacante se tornaria protagonista não só na seleção brasileira. Logo depois da Copa, Ronaldo se mudou para Eindhoven para defender o PSV em sua primeira experiência na Europa. 

Na Holanda, Ronaldo explodiu. Com dribles e arrancadas impressionantes, assombrou o futebol local. Fez uma grande dupla com o belga Nilis e, já nos primeiros três jogos, conseguiu seis gols. Ao fim da temporada, ficou com média de 0,97 gol por partida, com 35 tentos em 36 partidas. Na temporada seguinte, a média seguiu boa (19 gols em 21 jogos), mas Ronaldo deixou a Holanda conquistando só a Copa. 

Na seleção brasileira, foi protagonista também na Olimpíada de Atlanta em 1996, mas não evitou a derrota para a Nigéria, de Kanu, e acabou voltando para casa apenas com a medalha de bronze. 

Só que o desempenho individual de Ronaldo brilhava mais do que as conquistas que faltavam, e o Barcelona o levou para a Catalunha em 1996. O clube catalão fizera outra aposta em um brasileiro do PSV (antes, Romário havia traçado tal caminho). 

Ronaldo, de fato, fez chover no Camp Nou. Suas jogadas por lá até hoje são vistas em vídeos que podem ser difícil de acreditar. Mas Ronaldo triturava os zagueiros com arrancadas espetaculares e dribles de pura magia. Manteve a ótima média de gols da Holanda e fez 47 gols em 49 jogos. O ano no Barcelona rendeu a Ronaldo, pela primeira vez, o título de melhor jogador do mundo. 

A lua de mel na Catalunha, entretanto, não durou muito. Depois do ano fantástico, os representantes do jogador resolveram que a Internazionale de Milão era o melhor destino para o craque. A transação foi milionária para a época, e Ronaldo seguiu brilhando na Itália. 

Em Milão, Ronaldo virou Fenômeno, e terminou 1997 novamente como o melhor jogador do mundo. O desempenho na seleção também ajudou para tal, com grandes momentos ao lado de Romário e os títulos da Copa América e da Copa das Confederações. 

A Copa de 1998

Ronaldo chegou na Copa de 1998 no auge. Era um jogador protagonista com a camisa do Brasil e também nos Nerazzurri. O atacante era a grande esperança da seleção na França, já que Romário acabaria cortado por Zagallo. 

Ronaldo era um craque conhecido no mundo inteiro e com contrato milionário com diversas empresas. Era para ser o grande nome daquela Copa. E a seleção brasileira tinha um grande time, com um Roberto Carlos que chegou a ser o segundo melhor jogador do mundo em 1997 (perdendo para Ronaldo). 

Naquela Copa, sem Romário, Rivaldo foi um grande parceiro para o Fenômeno, que fez uma grande Copa até a decisão, com atuações decisivas no mata-mata e quatro gols marcados. Mas na final, uma convulsão mudou a história daquele Mundial. 

Ronaldo acabou sofrendo convulsão na concentração da seleção. Os jogadores que presenciaram a crise (Roberto Carlos foi o primeiro a ver) ficaram apavorados. O Brasil foi para o estádio sem Ronaldo, mas o atacante chegou ao vestiário em tempo de dizer para Zagallo que queria jogar. O treinador não conseguiu recusar a vaga ao jogador, e tirou Edmundo do time minutos antes de a bola rolar. Ronaldo pouco fez em campo e um Brasil abatido acabou levando de 3 a 0 para a França, de Zinedine Zidane. 

O drama e a redenção

No ano seguinte da derrota em Paris, Ronaldo voltou a uma final com a camisa da seleção. De novo ao lado de Rivaldo, e sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, ajudou o Brasil a conquistar outra Copa América, dessa vez diante do Uruguai. 

Em 2000, porém, o Ronaldo que sorria acabou passando pelo grande drama da carreira. O atacante, que já sofria com problemas no joelho, arrancou contra a defesa da Lazio, no estádio Olímpico, e, ao tentar fazer a sua tradicional pedalada, acabou rompendo o ligamento do tendão patelar direito. A imagem foi chocante. 

Os médicos diziam que Ronaldo nunca mais poderia voltar a jogar em alto nível. Talvez, de fato, Ronaldo tenha mudado um pouco seu estilo de jogo. As arrancadas dos tempos de PSV, Barcelona e Inter ficaram mais escassas. Mas dois anos depois daquela lesão, Ronaldo se redimiria. 

Luiz Felipe Scolari teimou em levar Ronaldo para a Copa, apesar das grandes dúvidas se o craque estaria bem fisicamente. Romário ficou de fora daquela lista, e Ronaldo foi a aposta de risco de Felipão para a competição na Coreia e no Japão. 

De novo, Ronaldo tinha Rivaldo ao lado. E a campanha na Ásia não foi das mais fáceis. Mas Ronaldo cresceu. Marcou em todos os jogos da fase de grupos, e nas oitavas, contra a Bélgica. Nas quartas, o protagonismo foi de Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho contra a Inglaterra. 

Mas na semifinal, o jogo estava difícil contra a Turquia. Os turcos eram uma das grandes surpresas daquele Mundial, e já havia sido difícil vencê-los na fase de grupos (um 2 a 1 que só veio em pênalti polêmico). Naquela semifinal, Ronaldo voltou ao mais alto nível do futebol mundial e deu um bico na indecisão para colocar o Brasil na final. 

A decisão foi contra a Alemanha, em Yokohama. O estádio estava lotado, esperando para ver se Ronaldo conseguiria vencer uma muralha chamada Oliver Kahn. O goleiro do Bayern de Munique fazia uma Copa impecável, assim como o time de Rudi Voller. 

Só que na final, só deu Ronaldo. Decisivo, com seu cabelo "cascão", Ronaldo marcou os dois gols que deram ao Brasil o pentacampeonato que havia batido na trave em 1998. O Brasil, de Ronaldo, era penta, e o atacante foi, mais uma vez, eleito o melhor jogador do mundo. 

O Ronaldo Galáctico 

Ronaldo fez parte do projeto dos "Galácticos" e chegou ao Real Madrid após aquela Copa. Se manteve em grande nível nos Merengues nas duas primeiras temporadas, sendo campeão espanhol e artilheiro de La Liga, com 30 e 31 gols em cada temporada. 

O que faltou no Santiago Bernabéu foi a grande ausência da carreira do Fenômeno: o título da Liga dos Campeões da Europa. Além de dois títulos do Espanhol, o brasileiro conquistou em Madri o Mundial de Clubes e uma Supercopa da Espanha. 

Quando foi se aproximando dos 30 anos, porém, Ronaldo foi tendo cada vez mais dificuldades para se manter em forma. Começou a ter seu peso contestado e chegou na Copa de 2006 em dúvidas, apesar de fazer parte do chamado Quarteto Mágico. 

Naquela Copa, Ronaldo já não conseguiu fazer a diferença. Nem Kaká, nem Ronaldinho, e nem Adriano. O Brasil caiu nas quartas para a França, e Ronaldo só voltaria a vestir a amarelinha em jogo de despedida em 2011. No total, foram 99 partidas, com 62 gols. 

Milan e volta ao Brasil

As arrancadas e pedaladas foram cada vez mais raras com o passar do tempo. Ronaldo deixou o Real Madrid para jogar no Milan, mas conseguiu apenas nove gols em 20 partidas na Itália. Voltou a sofrer com problemas no joelho, ficando meses fora das quatro linhas. 

Até que voltou ao Brasil. Treinou no Flamengo, seu clube no coração, mas acabou acertando com o Corinthians. No Timão, fez parte de um projeto ambicioso principalmente fora do campo, e ajudou no crescimento financeiro do clube. 

Nas quatro linhas, Ronaldo também teve bons momentos no Corinthians. Em 2009, mesmo acima do peso, marcou bonitos gols e ajudou o Timão a conquistar o Paulista e a Copa do Brasil. O primeiro gol no clube foi aos 47 do segundo tempo em um clássico contra o Palmeiras, em Presidente Prudente, que terminou 1 a 1. Ficou marcado também pelo golaço por cobertura contra o Santos, na Vila. 

Na temporada seguinte, Ronaldo teve ainda mais problemas para se manter em forma e jogou menos. A despedida foi em 2011, e melancólica: o Corinthians caiu na pré-Libertadores para o Tolima. Ainda assim, Ronaldo é lembrado como um dos grandes nomes da história do clube, pelo qual fez 35 gols em 69 jogos. 

A última vez que Ronaldo entrou em campo profissionalmente foi naquele ano, no já citado jogo de despedida contra a Romênia. Se por clubes Ronaldo deixou a impressão de que poderia ter conquistado mais títulos, até por conta dos problemas físicos quando vivia o auge, pela seleção o atacante fez história entre os três maiores artilheiros com a camisa canarinha e por muito tempo como maior goleador das Copas.

Ronaldo pode não ter sido exemplo de atleta perfeito, mas fisicamente impressionou muitas vezes, mesmo lutando contra lesões e o peso. Não foi sempre um exemplo fora de campo, mas se tornou em um símbolo de superação que comoveu o mundo inteiro. Ronaldo arriscou ao defender arquirrivais na Espanha e na Itália, ao declarar seu amor ao Flamengo e preferir virar um "louco" no Corinthians, mas sempre conquistou a admiração de todos por seu talento. Foi a marca de uma decepção na final da Copa de 1998, mas decidiu um Mundial quatro anos depois. Ronaldo foi Ronaldo. Um carioca que desafiou a lógica para ser lembrado como um Fenômeno.

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Ronaldo (BRA)

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