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    Fausto, a 'Maravilha Negra'

    Texto por Carlos Ramos
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    Fausto foi de uma geração que buscou mudar os alicerces da civilização brasileira, opressora, excludente. O futebol começava a se tornar ferramenta de inclusão social e, com o fim do amadorismo, permitia a ascensão social para quem parecia fadado a pobreza. O cronista Mário Filho usou de sua influência para ajudar a abrir os olhos da sociedade, e grandes craques negros encantaram o país. Fausto estava entre eles e era, reconhecidamente, uma "maravilha negra". 

    Se Domingos da Guia era o Divino Mestre da defesa e Leônidas da Silva, o Diamante Negro, era o artilheiro do ataque, Fausto era a maravilha do meio. Para muitos, foi o melhor meia de sua geração, foi um homem à frente de seu tempo, jogando de líbero décadas e décadas antes dos alemães Franz BeckenbauerLothar Matthäus consagrarem a posição. 

    Fausto nasceu em Condó, no Maranhão, em 28 de janeiro de 1905. Veio com sua família ainda novo para o Rio de Janeiro, fugido da seca no Nordeste. O começo no futebol foi no Bangu, e em Moça Bonita impressionou com um grande domínio de bola e habilidade.

    Suas atuações chamaram a atenção do técnico Henry Welfare, do Vasco. O meia ainda atuou no Bangu por três temporadas, até 1928, quando aceitou o convite vascaíno. Não demorou para Fausto brilhar com a camisa cruz-maltina. 

    Em 1929, formou um famoso meio-campo com Mola e Tinoco e levou o Vasco ao título do Campeonato Carioca. Na campanha, o Gigante da Colina venceu 15 jogos, empatou sete e perdeu apenas um, com 60 gols marcados e apenas 24 sofridos. Fausto, além de técnico, era forte na marcação, sempre com muita raça. 

    No ano seguinte, Fausto foi convocado pela seleção brasileira para disputar a primeira Copa do Mundo da história. A campanha brasileira não foi a esperada, com eliminação ainda na primeira fase, apesar dos gols de Preguinho e de boas atuações de Fausto. Foi no Uruguai que o meia ganhou o apelido de "Maravilha Negra", por ter encantado a imprensa internacional por sua classe com a bola. 

    A "Maravilha Negra" foi para a Europa em 1931. Após excursão com o Vasco, o meia chamou a atenção do Barcelona e passou uma temporada na Catalunha. Fausto ainda jogou no Young Fellows, da Suíça, e no Nacional, de Montevidéu. 

    Nenhuma passagem, porém, durou tanto. Fausto era, segundo Mário Filho, "um revoltado". Se em campo era uma "maravilha", fora era irascível muitas vezes, intempestivo e até indisciplinado. Deixou Montevidéu acusado de ter entregado um jogo, e disparou contra os dirigentes do Nacional. 

    Fausto passou a maior parte da carreira no futebol carioca. Não só no Vasco: em 1936, o meia foi apresentado como uma das grandes contratações da história do Flamengo, que projetava se tornar o time mais popular do país. 

    Sob o comando do presidente José Bastos Padilha, o Fla se reestruturou, construiu a Gávea e buscou o apoio das massas com um craque renomado, Fausto, depois de uma negociação arrastada e polêmica, que deixou o jogador fora dos gramados por alguns meses. 

    Fausto recebeu como companheiros na Gávea Domingos e Leônidas. Em um elenco formado pelos craques negros mais populares da geração, o Flamengo ganhou o apoio da massa e se moldou como um clube popular, com uma torcida imensa. 

    Fausto correspondeu em campo, mas quando lhe convinha. Quando foi recuado pelo técnico Izidor Kürschner para atuar como líbero, na implementação do WM no Brasil, o jogador se irritou com o treinador. Apesar de corresponder em campo, não gostava das cargas de treinamento que eram exigidas pelo técnico. Fez corpo mole, faltou a treinos e chegou a ser afastado e multado pelo clube. 

    O meia, porém, ganhou o respaldo de Flávio Costa, então auxiliar que minou o trabalho de Kürschner até assumir como técnico principal. Fausto seguiu no Flamengo até 1938, mas sua indisciplina parecia cada vez menos adequada aos ideais do futebol profissional. 

    Só que o grande inimigo de Fausto foi a tuberculose. Em 1939, se afastou do futebol para tratar da doença, mas não resistiu e morreu ainda jovem, no dia 29 de março daquele ano. 

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