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    Helenio Herrera, controverso e polêmico, mas vitorioso

    Texto por ogol.com.br
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    Helenio Herrera foi além de Herbert Chapman, o primeiro técnico a elevar o papel de um treinador no futebol. Helenio queria controle de tudo: da bola que se treinava até o que os jogadores bebiam e faziam nas folgas. Queria dominar o processo inteiro do futebol. Talvez tenha passado certos limites, é acusado de ter problemas éticos e envolvimento até com compra de resultados, mas a história o consagrou como um dos principais técnicos da história. 

    Nascido em Buenos Aires em 1910, Herrera foi filho de um emigrante espanhol. Com apenas quatro anos, se mudou com a família para o Marrocos, onde teve seu primeiro contato com o futebol. Fez carreira como zagueiro e, observado por olheiros parisienses, deixou Casablanca para atuar na França. Se aposentou, porém, aos 25 anos após uma lesão séria no joelho. 

    Sua ampla visão de jogo acabou favorecendo com que se tornasse técnico ainda na França. Treinou equipes da capital e foi assistente de Gaston Barreau na seleção francesa. Até que, no fim da década de 1940, se mudou para a Espanha e comandou primeiro o Valladolid, e depois o Atlético de Madrid. 

    A filosofia colchonera encaixou perfeitamente com a forma como Herrera via o futebol: um jogo tático, duro, intenso, onde era necessário foco total e uma organização quase perfeita, além de uma defesa forte. Foi bicampeão espanhol nos primeiros dois anos de clube, e depois rodou por Málaga, Deportivo e Sevilla. 

    Talvez suas metodologias pouco ortodoxas dificultassem a sequência de Herrera por muito tempo em um clube. Depois de ter dirigido também o Belenenses, voltou para a Espanha para comandar o Barcelona. Seria como se, trazendo para um exemplo mais atual, Diego Simeone assumisse o controle catalão. 

    O Barça, entretanto, estava cansado de ficar às sombras do sucesso do rival, Real Madrid. Demitiu Domènec Balmanya e chamou Herrera, que jogou a primeira final poucos dias depois de ter assumido, e levantou a Copa das Feiras com goleada por 6 a 0 sobre um combinado londrino (o brasileiro Evaristo de Macedo fez dois gols). 

    Foi o começo de um trabalho de elevação de autoestima proposto por Herrera. O treinador criou vários rituais exóticos, entre eles tomar um chá de ervas antes dos jogos e reuniões motivacionais com o time antes das partidas, querendo saber se todos os jogadores estavam propostos a jogar como equipe. O coletivo era tão importante que o técnico chegou a afastar Kubala por achar que o atacante estava jogando mais para si do que para o grupo. 

    La Grande Inter

    Assim como fizera em Madri, Herrera foi bicampeão espanhol pelo Barça e logo se mudou para Milão, depois de uma passagem também na seleção espanhola. Angelo Moratti ofereceu ao argentino um salário astronômico para que a Inter alcançasse não apenas o topo da Itália, como também da Europa. 

    Deu certo, mas Herrera pediu o controle total sobre todos os aspectos. O treinador se reunia com as mulheres dos jogadores para falar de nutrição, controlava os horários dos atletas e cobrava disciplina também fora do clube. Criou o ritiro, a versão italiana da concentração. 

    Muitos jogadores reclamavam de passar mais tempo com o time do que com a família, mas Herrera não queria nem saber. Seu estilo disciplinador era refletido também na forma de a equipe jogar: os jogadores ouviam por longas horas tudo sobre os adversários e sabiam exatamente cada movimento a realizar em campo. 

    Herrera não criou o catenaccio, tática defensivista que dominou o futebol italiano, mas fez bem uso dele. Usava o brasileiro Jair na ponta direita, mas com obrigações ofensivas para dar liberdade ao lateral esquerdo Facchetti, que ficou marcado por anotar muitos gols.

    Recuou Picchi para jogar como um líbero e Bedin era um volante marcador, mais próximo da zaga do que do ataque. Talvez o grande diferencial do time era Suárez, que já havia jogado com Herrera no Barcelona e era o principal responsável por construir as jogadas para o ataque, onde estava Sandro Mazzola.

    Aquela Inter ficou conhecida como La Grande Inter, e ganhou três vezes o Campeonato Italiano e duas a Liga dos Campeões. O time ainda chegou a uma terceira final continental, contra o Celtic, em 1967, mas os jogadores já estavam cansados do autoritarismo de Herrera e acabaram derrotados pelos escoceses. 

    Apesar dos títulos, Herrera teve sua história no clube manchada por supostamente fazer experimentos com os atletas, os dando medicamentos para medir a influência dos mesmos no desempenho em campo. Herrera foi acusado de participar também de esquemas de manipulação de resultados. Na época dos títulos europeus, a Inter foi acusada de ter comprado vários árbitros. 

    No meio de tantas controvérsias, Herrera deixou a Inter e foi comandar a Roma, na capital. Antes de encerrar a carreira, ainda voltou para Milão e foi campeão da Copa do Rei no Barcelona. Se aposentou em 1981 e, 16 anos depois, faleceu em Veneza. 

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    Helenio Herrera (ARG)

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