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      Brasileirão

      1982: O esquadrão dos esquadrões que dominou o país

      Texto por Carlos Ramos
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      Um dos maiores times da década. E não só: da história do futebol. Brasileiro e mundial. O Flamengo voltou ao topo do país no Brasileirão de 1982, sob o comando de Paulo César Carpegiani, que conhecia aquele time como ninguém. 

      Concorrentes não faltavam ao Rubro-Negro. Aquele Brasileiro, chamado de Taça de Ouro, foi dividido em uma primeira fase com oito grupos de cinco, depois outra fase de grupo com oito chaves de quatro. Em seguida o mata-mata. 

      Havia candidatos por todo o Brasil. E protagonistas de uma seleção brasileira que encantou o mundo naquele ano: Waldir Peres e Chulapa no São Paulo; Sócrates no Corinthians; Roberto Dinamite no Vasco; Toninho Cerezo e Éder no Atlético; Zico no Flamengo... E por aí vai. Fora os que estavam surgindo... Um Mauro Galvão no Inter, um Careca no Guarani, um Renato Gaúcho no Grêmio... Aliás, que time do Grêmio, de Paulo César Caju, Paulo Isidoro, do goleiro Emerson Leão... 

      Alguns craques já começavam a deixar o país, mas muitos deles seguiram por aqui. Sorte de quem os viu. No meio de tantos esquadrões, aquele que dominou todos eles: o Flamengo. Comandado em campo por Zico, e com tantos outros craques. E fora dele por Paulo César Carpegiani. 

      A montagem do esquadrão

      A reportagem de oGol ouviu o arquiteto do esquadrão campeão de 1982 para contar a história daquela edição. Uma história que começou bem antes de 1982, com os primeiros passos de uma geração inesquecível. 

      Paulo César Carpegiani foi para o Flamengo em 1977. Tinha uma carreira sólida no Internacional, mas não conseguiu recusar o chamado de Cláudio Coutinho, então treinador rubro-negro. 

      "Sou eternamente grato ao Cláudio Coutinho. Ele queria me tirar do Internacional, que não queria me vender. Mas foi a insistência dele, a persistência do Flamengo que me fizeram ir para lá. E não me arrependi: fui campeão como jogador lá e depois como técnico", disse Carpegiani em entrevista por telefone. 

      Carpegiani lembrou como a capacidade de Coutinho ajudou a moldar aquele Flamengo, que seria tricampeão estadual enquanto Carpegiani ainda era jogador. Foi nessa época também que ele começou a moldar suas ideias como técnico. 

      "Tive uma parceria muito boa com o Cláudio Coutinho, porque aprendi com ele uma coisa fundamental. Além da parte tática, ele tinha o diálogo com os comandados. Isso eu levei também para minha carreira como treinador. Uma das principais armas que eu tinha, fundamental para a minha carreira, era esse diálogo com os jogadores. É fundamental, é importante a pessoa que te comanda te dê a liberdade de expressão, de conversar. E eu tive a oportunidade de conversar muito com o Cláudio Coutinho. Ele me chamava bastante para conversar com ele, então isso foi um aprendizado", recorda. 

      Carpegiani assumiu o Fla em 1981. Coutinho já tinha ido para o LA Aztecs, dos Estados Unidos, e no final daquele ano faleceria nas Ilhas Cagarras, no Rio de Janeiro. O paraguaio Modesto Bria e o lendário Dino Sani comandaram o time depois de Coutinho, sem permanência prolongada. Coube a Carpegiani levar o time além. 

      Em 1981, foi campeão carioca, da Libertadores e do Intercontinental. Em 1982, levou esse esquadrão ao título do Campeonato Brasileiro, em final contra o Grêmio. Carpegiani ressalta a importância da base para essas conquistas. 

      "Eu tive esse privilégio de contar com esses jogadores da base. Estava Leandro, Adílio, Tita, Lico, Mozer. Tive a oportunidade de contar com esses jovens e que teve o apogeu desse time em 81, 82, 83. Foi o ápice dessa garotada toda e eu tive a sorte de contar com esses grandes jogadores que estavam surgindo no futebol. Fora os que já eram consagrados: Júnior, Zico... Mas eu aproveitei ao máximo a base. O Flamengo sempre teve o lema, e é bom frisar, que o craque a gente faz em casa. Isso é um orgulho para os torcedores e eu tive o privilégio de aproveitar isso", garantiu Carpegiani. 

      Fla volta a dominar o Brasil

      O Fla já havia sido campeão brasileiro em 1980 e tricampeão estadual antes das conquistas com Carpegiani, mas o técnico ressaltou que, apesar de manter a base do time, a equipe sofreu alterações importantes. 

      "A equipe que com o Coutinho foi tricampeã estadual não tem nada a ver, ou muito pouco a ver, com a equipe campeã mundial de 81. Eu empatei os quatro primeiros jogos e cheguei a pensar em sair, mas depois naturalmente fui colocando o que acreditava, fomos ganhando e aí a equipe encaixou. Fomos campeões estaduais, da Libertadores, mundiais. 82 foi a consequência, veio o amadurecimento dessa equipe em que a base foi formada em casa", garante. 

      Para conquistar o Brasileirão de 82, Carpegiani aproveitou o melhor de cada jogador. Usou o diálogo com o grupo que aprendeu com Coutinho e pensou como Zagallo em 1970. Na época, a seleção jogou com cinco camisas 10 a Copa, e foi tricampeã. No Fla, de Carpegiani, eram três camisas 10. 

      "Eu sempre trabalhei as minhas equipes em função do que tinha, tentei aproveitar o que cada um tinha de melhor. Sempre procurei, no Flamengo, aproveitar os jogadores mais técnicos, de maior qualidade. Eu, quando assumi, por exemplo, o Tita e o Lico não eram titulares definitivo. Porque eles eram camisas 10. O Zico era camisa 10, o Tita também e ainda tinha o Lico. Então eu praticamente uni os grandes jogadores, que eu tinha a sensação de que poderiam me dar uma resposta em campo, coloquei no meu posicionamento, dialoguei com eles e dei a chance, e o time funcionou", recordou.

      "Os jogadores tiveram o apogeu nessa época. É difícil você coincidir com todas essas opções. E eu soube aproveitar, tive a capacidade e a condição de aproveitar o melhor dos jogadores", completou.

      A base desse time, lembra Carpegiani, foi montada em 1981, depois de goleada sobre o Botafogo, por 6 a 0. "Aquele jogo está nos livros da história do Flamengo". Adílio e Lico, jogadores que não eram protagonistas até então, foram ganhando destaque. Ambos foram titulares na campanha de 82.

      "Todo mundo acha que peguei o time feito, mas na realidade eu tive que, aos poucos, ir formando aquele time. O Adílio, por exemplo, estava treinando separado quando eu assumi. O Lico, por exemplo, nunca tinha jogado. Quem levou o Cláudio Coutinho, lá atrás. O Lico foi contratado para descansar o Zico algumas vezes. Só que o Zico queria era jogar, não queria parar nunca. Então o Lico nunca teve a chance. Até que decidi, contra o Botafogo, que ele seria titular. E depois se consagrou", recordou. 

      O Flamengo foi agressivo como Carpegiani queria: "um time que buscava o gol, independente de contra quem". O Fla liderou a primeira fase de grupos, avançou na segunda em uma chave com Corinthians, Atlético e Internacional, derrubou Sport, Santos e Guarani no mata-mata e conquistou o título superando o Grêmio nas finais. 

      O Fla, de Carpegiani, se provou o esquadrão dos esquadrões. Um time que já havia alcançado o topo do mundo se provou forte mais uma vez para dominar o Brasil. 

      Números da edição

      Média de gols: 2,76 por jogo

      Melhor ataque: Guarani - 53 gols

      Artilheiro: Zico - 21 gols

      Jogador com mais partidas: Zico, Júnior, Marinho (Flamengo), Emerson Leão, Paulo Isidoro e Batista (Grêmio) - 23 jogos

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