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    1983: A hegemonia rubro-negra e um grande ano do Timbu

    Texto por Paulo Mangerotti
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    A história de um campeonato não é escrita somente por seus campeões. A cada edição de Campeonato Brasileiro, novos marcos, novos ídolos, novos tabus e novas narrativas são criadas. A edição de 1983 é do bi do Flamengo, terceiro título em quatro anos. Só que não apenas do esquadrão de Zico, Júnior e Adílio viveu a Taça de Ouro. Aquele Campeonato Brasileiro será para sempre lembrado (também) como um grande ano do Náutico, que desafiou o que parecia impossível.

    A começar pelo lado rubro-negro da história, o Campeonato Brasileiro de 1983 marcou a saída de Zico para o futebol italiano, o que acabou por ser também um divisor de águas na vitoriosa primeira metade da década de 1980 do clube. Naquele ano, o Flamengo chegou como franco favorito ao título, tendo como principal rival o Atlético Mineiro, com quem já havia decidido o título três temporadas antes.

    O Flamengo, entretanto, teve como verdadeiro adversário naquele campeonato o Santos do artilheiro Serginho Chulapa. Os clubes se encontraram logo de cara, na primeira fase do campeonato, quando o Peixe liderou o Grupo A e o Fla terminou em segundo. Nos dois primeiros confrontos dos times, uma vitória para cada lado. A Taça de Ouro era dividida em três fases de grupos, sucedida, então, por um mata-mata com início nas quartas de final. O próprio Santos tratou de eliminar o suposto rival do Flamengo, Atlético Mineiro, na semifinal, enquanto o Fla passou por Vasco e Atlético Paranaense até chegar na finalíssima.

    Flamengo e Santos voltariam a se encontrar quatro meses depois do primeiro confronto que fizeram na primeira fase. Na final, novamente uma vitória para cada lado. Só que, desta vez, prevaleceu a grande atuação do time de Carlos Alberto Torres, com um sonoro 3 a 0 no Maracanã.

    Desafiando gigantes

    Em um campeonato com tantos candidatos a protagonista, visto que ainda poderia-se citar o Vasco de Roberto Dinamite, o São Paulo de Careca, ou o Corinthians de Sócrates, difícil seria imaginar que o Náutico causaria estragos naquela edição. Um time montado por renegados e por jogadores locais, como diz o próprio Mirandinha, destaque do clube naquele ano.

    "Posso citar, por exemplo, a montagem do time com o Zé Eduardo que foi campeão em 1977 pelo Corinthians, e eu que tinha acabado de sair do Botafogo para o Náutico", afirma o ex-atacante, hoje treinador, em entrevista ao oGol. Jovens como Álberis (18), Heider (23) e mesmo Mirandinha (23), se mesclavam entre mais experientes como Vilson Cavalo (28) e Baiano (31).

    "Eu lembro bem que na campanha de 1983 nós empatamos com o Santos na Vila Belmiro, vencemos o Palmeiras por 3 a 0, goleamos o Goiás por 4 a 0, ganhamos de 4 do Cruzeiro, empatamos com o Vasco no Maracanã... Foram muitos resultados expressivos para um clube do Nordeste que lutava com as dificuldades, mas que tinha em sua comissão pessoas dignas como dirigentes, como era o caso do nosso presidente João de Deus de Ribeiro e de nossos diretores. Eles não deixavam faltar nada, estavam sempre juntos. Não tínhamos problema de atraso de salário, nem de bicho, enfim... Foi a base de sustentação para chegarmos onde chegamos", comenta.

    Com tantos feitos, o Náutico acabou por liderar o grupo H na primeira fase daquele ano, ficando na frente de clubes como Vasco e Cruzeiro. Na segunda fase, novamente uma boa campanha em que acabou por eliminar o Fluminense. O clube só não chegou mais longe, talvez, por ter caído em um "grupo da morte" na terceira fase, junto de Palmeiras, Vasco e Santos.

    "Por se tratar de um clube do Nordeste, com dificuldades financeiras e até de estrutura, porque não tínhamos campo para treinar e tudo era feito no estádio dos Aflitos, nem mandávamos os jogos lá, mas no Arruda. Foi uma passagem muito significante", recorda o atacante, autor de 11 gols em 18 partidas naquela edição.

    Depois do grande ano de 1983, o Náutico voltaria a mostrar sua força no ano seguinte, quando terminou entre os oito primeiros colocados do Brasileiro, sendo eliminado pelo Grêmio nas quartas de final. Até 1987, ano em que o Sport se tornou finalista, essa seria a melhor campanha de um clube do Nordeste em Campeonato Brasileiro.

    Números da edição: 

    Média de gols da edição: 2,70 gol/jogo

    Melhor ataque: Flamengo - 57 gols

    Melhor defesa: Botafogo-SP* - 3 gols sofridos

    Artilheiro: Serginho Chulapa (Santos) - 21 gols 

    Jogador com mais partidas: Gilberto Sorriso (Santos), Paulo Isidoro (Santos) e Júnior (Flamengo) - 26 jogos

    *O Botafogo de Ribeirão Preto foi eliminado na primeira fase da competição, tendo disputado apenas seis partidas. A critério de comparação, os finalistas Santos e Flamengo, que disputaram 26 partidas, sofreram 28 e 30 gols, respectivamente.

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