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1993: o estelar Palmeiras acabou com o sonho baiano

Texto por Carlos Ramos
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Houve um sonho rubro-negro em 1993. Um sonho que não resistiu, porém, a um Palmeiras recheado de estrelas, no projeto da Parmalat que fez o Verdão assumir com soberania o domínio do país. 

Como naquele ano não houve segunda divisão, com uma tradicional virada de mesa, o Brasileirão foi disputado por 32 equipes divididas em quatro grupos. 

Nas chaves A e B, as seis primeiras equipes, três de cada uma, avançariam para a fase seguinte. Nas C e D, as duas melhores de cada chave disputariam entre si duas vagas na sequência da disputa pelo título. O próprio campeonato mostrava que havia duas realidades diferentes. E nada melhor que uma final entre Palmeiras e Vitória para ressaltar esse contraste. 

O sonho rubro-negro

O Vitória dominou o grupo C, e em seguida eliminou o Paraná para disputar o título entre os gigantes. Paulo Isidoro, destaque rubro-negro naquela campanha, confessou para oGol que ir tão longe não estava nos planos do Leão. 

"Não houve nenhum planejamento para o que aconteceu, até porque estava havendo uma mudança de direção. Apesar de ter uma filosofia de trabalho que usou a base, não se tinha estrutura para imaginar um feito daquele", recordou o ex-jogador. 

Isidoro, que viria a ser campeão brasileiro no ano seguinte com o Palmeiras, lembrou com nostalgia do início no Vitória. Ficou triste ao recordar o já saudoso Alex Alves, mas por outro lado se mostrou orgulhoso ao contar a epopeia que viveu aquele time baiano. 

"Eu fico feliz e triste, ao mesmo tempo, de o Alex não estar aqui. Foi um amigo, irmão que Deus me deu e levou. Nossa realidade era aquela ali: a gente pegava ônibus, vivia de ajuda de custo. Estávamos felizes de jogar no profissional. Hoje, jogadores da base querem ir para Real, Barcelona. Nossa realidade era jogar primeiro no Vitória, e a gente dava aquele passo com muita alegria", garantiu. 

Aquela geração de jovens formada no Barradão não tinha, segundo o próprio Paulo Isidoro afirmou, a ideia da qualidade do time que viria a ser vice-campeão brasileiro. 

"A gente não tinha noção da nossa qualidade. Muita qualidade junta. Era impensável saber que dali iam sair jogadores campeões brasileiros, campeões mundiais. Era insano. Mas foi o que aconteceu. A gente foi chegando, foi chegando. Ganhamos tudo na Fonte Nova, começamos a ganhar fora de casa e a gente foi ganhando confiança", contou.

Depois de passar pela primeira fase contra as equipes que supostamente teriam de jogar a segunda divisão, Paulo Isidoro e o Vitória tiveram de passar pelos gigantes para manter o sonho vivo.  

"Quando a gente chegou na fase final, colocaram a gente em uma chave forte. Era Flamengo, Corinthians, Santos e a gente. A gente era a zebra. Só que eles esqueceram de colocar os primeiros jogos fora de casa. Colocaram os primeiros dois jogos na nossa casa, Flamengo e Corinthians, e eles não estavam levando fé porque não estavam acompanhando nosso time. Nosso time estava muito bem", ressaltou.  

O Leão bateu o Flamengo (1 a 0) e o Corinthians (2 a 1). A partir de então, passou a acreditar que o sonho de chegar na decisão era, sim, possível. 

"Quando a gente venceu o Flamengo, a gente falou: 'A gente vai chegar'. A gente estava muito confiante. Vencemos o Corinthians, que estava invicto, e aí pronto, a gente já sabia que ia chegar. O jogo contra o Corinthians confirmou. Contra o Flamengo, que ganhamos em casa, já deixou a gente confiante. Contra o Corinthians, só confirmou. O Corinthians vinha invicto, time forte. Aquele jogo foi preponderante para a gente ter confiança", confessou. 

Paulo Isidoro destacou também como marcante o empate em 2 a 2 contra o Corinthians, no Morumbi. Vencendo em casa, e empatando fora, aquele Vitória conseguiu fazer o impensável. 

Do outro lado, quem avançou também foi o Palmeiras. O Palmeiras de Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho, Edmundo, Edílson Capetinha, Mazinho... 

"Era um time badalado, era tipo o Flamengo hoje. Muito investimento, jogadores de seleção. Eram poucos os que não eram da seleção. Era um time forte, experiente, com um grande treinador. Pude confirmar isso quando fui para lá. Era um time quase que imbatível", analisou Isidoro. 

O ex-atacante do Vitória lembrou que, apesar de não ter tido medo daquele adversário, o elenco rubro-negro lamentou que tivesse de enfrentar o Palmeiras. 

"A gente queria pegar qualquer time, menos o Palmeiras. Se a gente pegasse qualquer outro time, certeza que a gente era campeão. Porque aquele Palmeiras, além dos grandes jogadores, tinha o esquema do Vanderlei Luxemburgo, que não deixou a gente jogar. Ele respeitou o nosso time. Marcava muito forte o nosso time". 

Luxemburgo, então, segurou o Vitória de Paulo Isidoro. Venceu em Salvador e em São Paulo sem sofrer gols. Acabou com o sonho baiano e fez a lógica prevalecer. Paulo Isidoro só saberia o que é ser campeão brasileiro com a camisa alviverde. Mas isso, contamos no próximo capítulo. 

Números da edição

Média de gols: 2,53 gols/jogo

Melhor ataque: Palmeiras - 40 gols

Artilheiro: Guga (Santos) - 14 gols

Jogador com mais partidas: Gil Sergipano e Dida (Vitória) - 24 jogos

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