1978 era um ano difícil para a Argentina. Afinal, como muitos irmãos sul-americanos, os argentinos lutavam contra a opressão ditatorial que dominava o país. Futebol e política, então, se misturaram na Copa do Mundo daquele ano, disputada... Na Argentina.
Muitos boatos e mitos circulam sobre esse Mundial, algo normal quando as notícias são difíceis de ser confirmadas e, quase sempre, abafadas por quem está no poder. O fato é que aquela Copa foi polêmica e teve um gosto amargo para o Brasil.
Aqui também houve ditadura, houve tortura, houve morte, houve famílias em prantos. Aqui também os ditadores souberam usar o esporte como desvio da massa, como depois do sucesso brasileiro na Copa de 1970. A Argentina tentou abafar a crise que vivia com aquela Copa. Mas isso só seria possível com sucesso em campo.
E o time Argentino, diga-se a verdade, era bom. Mario Kempes fez uma Copa inesquecível em uma equipe de Passarella, Fillol, Bertoni e companhia. Foi-se cumprindo o esperado, apesar de uma derrota para a Itália na primeira fase de grupos.
Naquele tempo, a Copa tinha um regulamento diferente, talvez tão difícil de entender quanto a situação que se encontrava o país-sede. Resumindo: depois de uma fase de grupos haveria outra, e os primeiros de cada chave estariam na final.
O embate e a polêmica
Foi então que Brasil e Argentina se cruzaram. O clássico ficou marcado pelas pancadas e pelo pobre futebol. O resultado acabou sendo um inevitável 0 a 0, que deixou a vaga brasileira para a final muito bem encaminhada.
Para a Argentina avançar, só um milagre, quer dizer, uma goleada fora do comum sobre o Peru, de Cubillas. E o quadro parecia improvável até pelo primeiro tempo: 2 a 0 para os argentinos (o segundo gol, de Tarantini, saiu só aos 43 minutos).
Só que, no segundo tempo, tudo mudou. O goleiro Ramon Quiroga falhou em ao menos dois gols, e a Argentina terminou com uma goleada de 6 a 0, suficiente para avançar para a final e, consequentemente, eliminar o Brasil.
Até hoje, nada ficou comprovado, mas existem muitas teorias da conspiração. Desde um apelo ao fato de o goleiro Quiroga ter nascido na Argentina até um acordo entre os dois governos para uma goleada argentina.
Ao longo dos anos, alguns jogadores peruanos chegaram a relatar pressões de militares argentinos no vestiário e até o pagamento de dinheiro para uma derrota vexatória. Até hoje, esta segue como uma das grandes polêmicas do futebol mundial.
6-0 | ||
Mario Kempes 21' 46' Alberto Tarantini 43' Leopoldo Luque 50' 72' René Houseman 67' |