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    Tostão: o gênio da reinvenção

    Texto por Carlos Ramos
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    Acima de tudo, Tostão foi um gênio. E um gênio ainda o é. Em campo, e fora dele. Via o que poucos conseguiam enxergar, e fazia o que menos ainda conseguiam fazer. Um meia, um atacante, um craque. Craque que marcou história no futebol brasileiro. 

    O mineiro Eduardo Gonçalves Andrade nasceu em Belo Horizonte, e começou a desenvolver sua genialidade no campo de seu condomínio. Nele, a usava para sair dos golpes dos meninos mais velhos, que não conseguiam tirar a bola do garoto mais franzino. 

    Aos 14 anos, entrou no Cruzeiro. No salão, desenvolveu o raciocínio rápido com a bola e aprendeu saídas mesmo em pouco espaço. Mas foi no campo, com muito mais espaço, que o gênio se tornou um grande ídolo. 

    Início no América, idolatria no Cruzeiro

    Tostão, porém, começou no campo no América. O Coelho levou o menino para o time juvenil. Destaque na base, e também quando subiu, logo chamou a atenção dos rivais de BH. O destino foi o retorno para a Raposa. 

    Ainda em 1963, mesmo com 16 anos, já era titular do time celeste. No ano seguinte, já foi artilheiro do time no Mineiro. Em 1965, foi protagonista na conquista do título Estadual. A Raposa foi para a Taça Brasil do ano seguinte, e fez história. 

    Ao lado de Dirceu Lopes, Tostão formou uma dupla que encantou o Brasil naquele ano. Deixando Grêmio e Fluminense pelo caminho, os mineiros chegaram na decisão da Taça Brasil para enfrentar nada mais, nada menos, que o Santos, de Pelé e companhia. 

    No dia 30 de novembro, o Cruzeiro fez um dos jogos mais inesquecíveis da história do clube. Recebendo o Peixe, que tinha Gilmar, Carlos Alberto Torres, Mauro, Dorval, Zito, Toninho Guerreiro, Pelé e Pepe, acabou aplicando uma histórica goleada de 6 a 2. Tostão fez um dos gols, Dirceu fez três e Pelé acabou expulso. 

    Na volta, no Pacaembu, Pelé até marcou, e o Santos chegou a abrir 2 a 0, mas Tostão iniciou a reação na segunda parte e os mineiros venceram, por 3 a 2, conquistando um histórico título, contra um tremendo rival. 

    Naquele mesmo ano de 1966, Tostão foi chamado por Vicente Feola para a Copa do Mundo. Fez apenas um jogo e marcou um gol, sem conseguir evitar a pobre campanha brasileira na Inglaterra. 

    Nos anos seguintes, Tostão foi se firmando, mas sempre se reinventando em campo, tanto na seleção, quanto na Raposa. Era veloz e habilidoso na ponta, mas encontrava passes geniais centralizado e marcava os gols quando atuava mais na frente. 

    Em Belo Horizonte, conquistou, no total, seis campeonatos mineiros, chegando a alcançar um pentacampeonato. Foi o maior artilheiro da história do Cruzeiro, marcando, em números somados pelo clube (contanto também partidas amistosas), 245 gols em 383 jogos. 

    Um gênio na seleção do tri

    O auge de Tostão, para muitos, foi em 1970. Foi naquele ano que, com nomes como Pelé, Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres, ajudou a seleção brasileira a conquistar o tricampeonato mundial. Zagallo quis Tostão, naquele Mundial, como centroavante.

    O atacante se reinventou, improvisou e deu certo. Titular em seis partidas daquela Copa, marcou duas vezes nas quartas de final, contra o Peru. Foi um coadjuvante de luxo na final contra a Itália, ajudando o time a jogar por música. 

    Tostão somou 32 gols em 54 jogos pela seleção brasileira. Ainda defendeu o Vasco, mas teve de encerrar a carreira em 1973. Aos 26 anos, parou de jogar por conta de uma lesão no olho, tendo feito 44 jogos e sete gols pelo Cruz-Maltino. 

    Tostão teve, de novo, que se reinventar. Cursou medicina e exerceu a profissão de médico durante duas décadas. Depois, foi genial como cronista esportivo. Tostão conta, em seu período como escritor, que muitas vezes ficou no quase. Mas, na verdade, foi mais que um quase: foi um gênio da reinvenção. 

    "Por muito pouco, muitos 'quases', por instantes fugazes e por acasos, a vida muda, ganhamos e perdemos. Quase não fui à Copa de 1970 por causa de um descolamento da retina. Quase não fui titular porque Zagallo achava, inicialmente, que o time teria de ter um típico centroavante. Quase deixei a medicina e me tornei psicanalista, após fazer minha análise pessoal e o curso de formação de psicanálise. Quase fui campeão do mundo em 2002, como diretor técnico, se tivesse aceitado o convite da CBF. Quase joguei na Itália, se na época não houvesse a proibição de contratar estrangeiros. Quase não fui médico, se não tivesse tido a contusão no olho. Quase não volto ao futebol, se tivesse sido professor da UFMG. Tive muitos outros 'quases' na vida. 'Viver é um descuido prosseguido' (João Guimarães Rosa)”, escreveu em Tempos vividos, sonhados e perdidos: um olhar sobre o futebol.

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    Tostão (BRA)
    Tostão (BRA)

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