Mas se tivesse de escolher um único jogo da minha carreira ele seria, provavelmente, o Benfica-Feyenoord da 1972. Os campeões holandeses eram muito fortes. A equipa tinha muitos internacionais e dois anos antes tinha vencido a Taça dos Campeões e a Taça Intercontinental. No jogo da 1ª mão, em Roterdão, o treinador do Feyenoord, Ernst Happel, meteu-se muito connosco, disse que o Benfica era uma equipa de provincianos que não sabiam jogar futebol. O próprio capitão, van Hanegem, compa...ler comentário completo »
Mas se tivesse de escolher um único jogo da minha carreira ele seria, provavelmente, o Benfica-Feyenoord da 1972. Os campeões holandeses eram muito fortes. A equipa tinha muitos internacionais e dois anos antes tinha vencido a Taça dos Campeões e a Taça Intercontinental. No jogo da 1ª mão, em Roterdão, o treinador do Feyenoord, Ernst Happel, meteu-se muito connosco, disse que o Benfica era uma equipa de provincianos que não sabiam jogar futebol. O próprio capitão, van Hanegem, comparou o Benfica ao Excelsior, na altura o último classificado do campeonato holandês.
O ambiente no jogo de Lisboa, como sempre, estava fantástico, com o Estádio da Luz completamente cheio. Os jogadores sentiam muito o peso daquele estádio e aos 30 minutos de jogo já estavamos a ganhar por 2-0 – o suficiente para nos qualificar para as meias-finais, já que tinhamos perdido o primeiro jogo por 1-0. Mas eles fizeram o 2-1 perto do fim e tudo parecia perdido. Muita gente começou a abandonar a Luz. Lembro-me que os jogadores do Benfica olharam uns para os outros e acho que não foi preciso dizer mais nada. Cerrámos os dentes. As palavras do senhor Happel ainda estavam nos nossos ouvidos e mexeram connosco. Quisemos demonstrar-lhe o que era o Benfica, o Estádio da Luz, o famoso terceiro anel. Nos últimos dez minutos de jogo, marquei dois golos e o Jordão outro. Tinha 22 anos e essa foi, certamente, uma das noites mais inesquecíveis da minha vida.