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      Bobô: Elegante, sutil, campeão e no coração dos baianos

      Texto por Daniel Genonadio
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      Imagina se destacar tanto como jogador a ponto de virar verso imortalizado em uma canção composta por Caetano Veloso e gravada por Maria Bethânia? Afinal, como diz o histórico artista baiano, "Quem não amou a elegância sutil de Bobô". A homenagem é para um dos grandes nomes do futebol brasileiro nos anos 80 e 90 e um pilar no histórico título do Bahia no Brasileiro de 1988. 

      Raimundo Nonato Tavares, o Bobô, nasceu em 26 de novembro de 1962 e é natural da cidade baiana de Senhor do Bonfim. A carreira profissional começou em 1981, aos 19 anos, pela Catuense, clube de Catu, cidade a 80 km de Salvador. 

      Os anos de destaque na Catuense o levaram a ser contratado pela Bahia, que na época figurava na primeira divisão com algum destaque. Ali se iniciou uma história de idolatria como poucos viveram. Bobô se destacou na década de 1980 por ser um jogador extremamente técnico, de bom passe, e claro, elegância. 

      Em 1986, sua primeira temporada no Bahia, marcou 19 gols em 38 partidas, participando de um elenco que terminou o ano sendo eliminado para o Guarani nas quartas de final da Copa Brasil (Brasileirão da época). O ano seguinte foi mais modesto, como toda a temporada do Tricolor, que não passou da segunda fase do módulo verde no conhecido e polêmico campeonato de 1987. Nos dois anos conquistou o Campeonato Baiano. 

      O ano da glória

      Chegou 1988 e Bobô não fazia ideia de que viraria eterno no imaginário e coração de milhões de torcedores do Bahia. Inicialmente veio o tricampeonato do Campeonato Baiano (que tinha um peso muito maior do que atualmente). Em seguida, a glória. Na Copa União, o Tricolor foi seguro nas primeiras fases, mas sem empolgar, até que o mata-mata chegou. 

      Nas quartas de final, o adversário do Bahia foi o Sport. Na ida, 1 x 1, em Recife, com gol de Charles Fabian. Na volta, um 0 a 0 na Fonte Nova para avançar. A semifinal, diante do Fluminense, foi uma hecatombe. O Esquadrão segurou um empate sem gols no Maracanã e, com uma Fonte Nova abarrotada, venceu por 2 a 1, de virada, com gol, claro, de Bobô. 

      "O melhor jogo da temporada, e eu diria da história do Bahia, foi a semifinal contra o Fluminense, recorde de público da Fonte Nova até hoje (110.438 presentes). Ali tivemos a certeza de que seríamos campeões", revelou Bobô, em entrevista ao Estadão em 2018. 

      Depois de décadas, o Bahia estava de novo na final de uma disputa pelo título brasileiro. A ida foi na Fonte Nova, em jogo disputado em 15 de fevereiro de 1989. Aquele foi o dia de Bobô. O relógio marcava 36 minutos, o Internacional vencia por 1 a 0, quando o "Elegante" subiu sozinho após cruzamento de Zé Carlos, cabeceou firme e superou Taffarel. Já no segundo tempo, aos 14, após confusão na área, chegou completando para a rede. Ali estava eternizada a Camisa 8 do Bahia e a sua comemoração (como visto na foto que ilustra essa biografia).

      Apesar de toda a alegria, ainda restavam 90 minutos, mas com o placar zerado, o Bahia de Bobô, Zé Carlos, Ronaldo, Charles, Paulo Rodrigues, entre outros, se sagrou campeão brasileiro em 19 de fevereiro de 1988, no Beira-Rio. 

      "A chegada em Salvador é uma das coisas que mais me marcaram, a gente não esperava que seria uma festa tão gigantesca. Foram milhares e milhares de pessoas aguardando no Aeroporto de Salvador. É uma das coisas que ainda estão muito frescas na minha memória: abrir a porta da aeronave e ver aquela multidão de gente na pista.", disse Bobô, na mesma entrevista ao Estadão em 2018. 

      Ida a seleção, mas queda

      Em famosa entrevista após a final de 1988, Bobô deixou claro que o seu objetivo era ser convocado para a seleção brasileira, mas não apenas para ir, e sim para ficar de vez. Ganhou a oportunidade menos de dois meses depois de conquistar o título nacional, quando foi titular na vitória por 2 a 0 diante do Paraguai, sem grande destaque. Ainda atuou duas vezes contra o Peru, em maio. Foram as únicas três partidas pela Amarelinha, sem gol ou assistência. 

      Naquele momento, Bobô já não era mais jogador do Bahia, após ter seu passe negociado com o São Paulo, onde chegou com status de grande contratação. Mesmo sem ter o mesmo destaque dos tempos do Tricolor Baiano, ele foi titular em mais uma final de Campeonato Brasileiro, mas dessa vez não decidiu, e o clube paulista acabou derrotado por 1 a 0 para o Vasco. 

      Mas o São Paulo foi só o primeiro de um grande giro de Bobô por grandes clubes do Sudeste. Já no ano seguinte, em 1990, conquistou uma Copa do Brasil pelo Tricolor Paulista, mas acabou rumando para o Flamengo, onde permaneceu por pouco tempo. Naquele ano, o Rubro-Negro não conseguiu chegar ao mata-mata do Brasileiro. 

      Em 1991, Bobô mais uma vez mudou de clube, indo para o Fluminense. Ele foi titular e esteve no elenco que caiu na semifinal do Campeonato Brasileiro para o Bragantino. Ainda seguiu por parte do ano seguinte, mas novamente não fez história. 

      Ainda em 1992 já era jogador do Corinthians. Pelo Timão teve poucas oportunidades como titular e ao todo marcou cinco gols. No ano seguinte teve uma curta e pouco notória passagem pelo Internacional, clube em que foi vilão pelos gols marcados na final de 1988. 

      A carreira de Bobô em alto nível já parecia perto mesmo do fim. Jogou alguns meses na Catuense, clube que o revelou no futebol, e retornou ao Bahia em meados de 1995, permanecendo até junho de 1997, quando anunciou a sua aposentadoria por perder a motivação para jogar. 

      Ainda nos holofotes

      Mas Bobô nunca mais ficou longe dos holofotes e não quis saber de uma aposentadoria tranquila. Após deixar o futebol, assumiu o cargo de diretor geral da Superintendência dos Desportos (Sudesb), em 2007, com o objetivo de levar politicas públicas na área do esporte para todo o interior da Bahia. 

      Durante a sua gestão na Sudesb, em novembro de 2007, aconteceu o trágico acidente da Fonte Nova, em que parte da arquibancada do anel superior desabou, ocasionando na morte de sete pessoas e deixando outras 30 feridas. O órgão geria o estádio. No entanto, em 2010, a A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) da Bahia absolveu Bobô no caso. 

      Em 2014, ele foi eleito deputado estadual e propôs a criação da Comissão de Desporto, Paradesporto e Lazer da Assembleia Legislativa, tornando-se presidente. Em 2022, ele foi reeleito com 61.469 votos para o terceiro mandato na Assembleia Legislativa da Bahia. 

      Uma carreira intensa, com grandes clubes no currículo e sendo herói de um título histórico. Bobô mesmo se definiu após ser agraciado com a composição de Caetano. "Foi muito prazeroso... Uma música falando de mim, ainda mais de Caetano... Fiquei lisonjeado e falei: 'Pô, agora sim eu estou imortal'". 

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      Fotografias(2)

      Bobô (BRA)

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